quarta-feira, 24 de abril de 2013

VW Gol 1.0 2011 0km (!) Impressões

Amigos,

Apesar de nosso blog (ainda) não contar com a cessão, por parte de fabricantes e importadores, de carros para testes, o acaso promoveu nossa primeira postagem sob o título "impressões".

Um parente, agora colaborador do Blog, adquiriu um VW Gol 1.0, modelo 2011, de um sujeito que comprou e não usou o carro. Pegou-o com pouco mais de 70km rodados. Achei a oportunidade mais do que adequada para estrear os testes em nosso blog, pois trata-se do carro mais vendido do Brasil e em sua versão 1.0.

Segundo dados da ANFAVEA - Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores - os veículos com motorização até 1.0 litros, beneficiados pela alíquota de IPI diferenciada, representaram 41,7% das vendas de carros novos em 2012. No início dos anos 2000, tal percentual chegava a 70%.

Apesar do declínio das versões 1.0, a motorização ainda é a mais vendida na linha Gol. Pelo menos é o que nos contam um vendedor de Concessionária e um lojista independente ouvidos por GOSTARDECARROS, que também informaram que carros básicos são cada vez menos procurados.

Assim, com o carro mais vendido, em sua motorização mais vendida, com os equipamentos mais "desejados", (pois o "nosso" Gol conta com pacote Trend, ar condicionado, direção hidráulica e vidros, travas e retrovisores elétricos) nossa estréia torna-se bastante adequada.

Claro, para um potencial comprador de um modelo 0km não será uma referência exata, mas para um eventual comprador de um modelo usado ou mesmo para o entusiasta que, assim como eu, tem curiosidade em saber como um carro é e como ele anda, as impressões aqui expostas poderão ajudar.

Pacote Trend adiciona retrovisores pintados entre outros itens estéticos - Foto: Autor
EXTERIOR:

Com o pacote Trend, o Gol ganha, externamente, aerofólio com a terceira luz de freio sobre a tampa traseira, antena no teto, faróis bi-parábola, frisos externos e retrovisores na cor do veículo, além do logotipo da versão nas portas dianteiras.

Confesso que considero esta versão mais harmonioza que a linha 2013, exageradamente batizada de "geração" VI, que conjuga faróis quadrados com a lateral em forma de arco. É a tal padronização germânica de todos os VW do mundo. Em 2011, porém, ainda não existia a interessante versão 2 portas.

Limpador, lavador e desembaçador, hoje itens de série, eram opcionais em 2011 - Foto: Autor
Mesmo calçado com aro 14, os arcos das caixas de roda me parecem exageradamente grandes e vazias. Apesar disso, este Gol é mais bonito que seu antecessor, o geração IV. Na prática, este Gol é inteiramente novo, enquanto seus antecessores foram apenas evoluções daquele dos anos 1980. As calotas são exclusivas da versão Trend.

INTERIOR:

Ao sentar no banco do motorista, a primeira impressão (ruim) é o volante, de plástico duro e péssima empunhadura. Sua coluna de direção sem regulagem de altura (opcional, aliás quase tudo na VW é opcional) dificulta encontrar a correta posição de dirigir, incômodo atenuado pelo ajuste de altura dos cintos de segurança dianteiros e do assento do motorista, embora este obrigue a um movimento nada convencional de puxar o banco para cima ao levantar a alavanca de regulagem.

Hodômetro marcando 314 km rodados, cheiro de carro novo - Foto: Autor
O painel, na versão Trend, é completo, com conta giros e termômetro de temperatura da água. Parece semelhante ao dos irmãos maiores, Fox e Polo, porém não conta com computador de bordo de série nesta versão.

 Os materias e tecidos utilizados, embora aparentem simplicidade, parecem de boa qualidade e os encaixes entre as peças são precisos. A presença de vidros elétricos também nas portas traseiras, do fechamento automático dos vidros controlados pela chave tipo canivete e dos retrovisores elétricos ainda surpreendem em carros dessa categoria (fato que novos carros como o Hyundai HB20 e o Chevrolet Onix estão mudando). Os Fiat Palio e novo Uno costumam ter vidros elétricos apenas nas portas dianteiras e retovisores elétricos somente nas cersões mais caras.

Apesar de contar com vidros elétricos nas 4 portas, o comando das portas traseiras é no painel - Foto: Autor
Somam-se ao volante ruim, os comandos dos vidros traseiros no painel e a falta de um porta-trecos entre os bancos. Tive dificuldade de acomodar todos os meus "objetos" (carteira, celular, chaves) no diminuto espaço à frente da alavanca de câmbio.

O espaço nos bancos dianteiros é razoável. No traseiro, o quinto passageiro vai mal acomodado e não conta com cinto de segurança de três pontos ou apoio de cabeça. Mesmo dois adultos sentirão falta de espaço para pernas e cabeças. O vidro das portas traseiras não desce até o final, o que nos carros sem ar condicionado pode causar alguma sensação de desconforto. Uma pena, pois até o Geração IV os vidros desciam até embaixo.

O porta-malas, de 285 litros, é acarpetado e conta com iluminação na versão Trend, mas sua entrada é alta e estreita, dificultando a arrumação de grandes volumes

Porta-malas adequado a um veículo de sua categoria - Foto: Autor
 IMPRESSÕES:

Percorri cerca de 50 km com o Gol, entre cidade e estrada, e foi interessante para recalibrar meus parâmetros. Uso no dia a dia um Gurgel Tocantins, que conduzo com toda a parcimônia que se deve ter com um antigo. Os modelos atuais com os quais tenho contato são, em sua maioria, automáticos e sou da opinião de que os atuais carros nacionais equipados com câmbio manual tem relações muito curtas.

Assim, sentei no Gol 1.0 já preparado para aquele troca troca incessante de marchas até o conta giros pedir a 5ª marcha a 60km/h. Aqui tive uma boa surpresa: suas relações são mais longas do que eu esperava. Não é exatamente um câmbio 4+E dos sonhos - e nem poderia ser com seus 9,7kgfm de torque a 3.850 RPM e seus 76cv (no álcool) a 5.250 RPM, mas é muito mais "solto" que um Chevrolet Celta, por exemplo.

O câmbio é o destaque positivo do carro. engates curtos e precisos, sem folgas. Deu vontade de voltar a ter um carro manual (não antigo) na garagem. Essa vontade, aliás, aparece toda vez que dirijo um VW que usa esta família de câmbio, como o Fox, o Polo e o Golf.

O câmbio conta com as relações de transmissão: 1ª 4,167; 2: 2,300; 3ª 1,433; 4ª 0,975; 5ª 0,776; ré: 3,182 e diferencial 4,929. Com estes números, foi possível estar a 100km/h, a 3.200RPM, em 5ª marcha. O conjunto motor/câmbio embala bem o carrinho e, apesar de o acionamento do ar condicionado praticamente não alterar o comportamento do carro, o VW suou a camisa para subir um aclive numa rodovia em 4ª marcha a 80km/h com o equipamento ligado. No mesmo local, meu Gurgel Tocantins (1.6 litros, 48cv e bem mais leve, diga-se) sobe a 70km/h em sua 4ª e última marcha.

A suspensão é firme sem ser desconfortável, embora a pouca disposição do motor 1.0 litros frente ao seu irmão maior não leve seus componentes ao limite com facilidade. Forçando em curvas mais fechadas percebe-se uma leve tendência a saídas de frente. Os freios, a disco ventilados na dianteira e a tambor na traseira não contam com ABS (opcional em pacote com os airbags frontais), mas dão conta do recado, com alguma tendência ao travamento, mas ainda assim superiores aos do Chevrolet Celta e aos do Fiat novo Uno também sem ABS.

Aqui um aparte: O Chevrolet Celta e o Fiat novo Uno a que me refiro nas comparações também são modelos 2011, porém básicos e duas portas, que dirigi recentemente, ambos alugados.

Motor 1.0 totalflex EA 111 - Foto: Autor
Os leitores mais atentos irão questionar a falta de informações a respeito do famoso problema de "batida de pino", enfrentado por este modelo, causado devido à contaminação do óleo por combustível no pequeno cárter do motor 1.0. Não notei nenhum ruído ou comportamento anormal durante a pequena volta que dei, mas o carro estava abastecido com 100% de álcool, o que atenua o problema e, além do que, contava com pouco menos de 200km rodados quando iniciei o teste.


CUSTO BENEFÍCIO:

Responder se determinado modelo de carro vale a pena ou não é tarefa das mais difíceis. Algumas pessoas prezam determinados itens que para outras não são importantes. O que podemos fazer para ajudar alguém na compra de um carro é comparar o que se pode comprar pelo mesmo valor: a concorrência.

Um Gol 1.0 igual a esse, com o mesmo nível de equipamentos 0km, já com a frente nova, custa de R$ 32.000,00 a R$ 35.000,00 (valores para o estado de São Paulo em abril/2013). Na concorrência você vai encontrar carros mais modernos, como o Chevrolet Onix, já com ABS e airbags frontais. Mesmo dentro da linha VW, a diferença de preço para um Fox, "teoricamente" de um segmento superior é pequena.

Um Gol 1.0 igual a esse, mas igual mesmo, usado, custa de R$ 25.000,00 a R$ 27.000,00 (valores para o estado de São Paulo em abril/2013). Por esse valor você pode comprar um Gol 1.6 um ou dois anos mais velho ou mesmo um carro de categoria superior. Percebem a dúvida?

Ser o mais vendido é antônimo de exclusividade. Vejam o companheiro de garagem do "nosso" Gol - Foto: Autor
 O VW Gol não é um carro ruim, mas pelo o que ele custa você pode (e deve) pensar em outros carros. Qua tal, no fim das contas, remar contra a maré e comprar não o mais vendido, mas um carro superior pelo mesmo preço?

Um forte abraço e até a próxima,

Bruno Hoelz

4 comentários:

  1. Fala Bruno...

    Já pode considerar o Fox 1.6 como segundo carro para a nova coluna do blog... rs

    Você disse aí que com R$35.000,00 pega um Gol 1.0. Quando fui comprar o meu carro, o vendedor me ofereceu o Fox 1.0 Completo por R$36.000,00.

    Hoje em dia, com essa diferença pequena de preço entre categorias, na minha opinião, não vale a pena comprar Palio, Uno ou mesmo o Gol.

    Abraço!

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    Respostas
    1. Olá Bogado! Meu leitor mais assíduo...

      Será um prazer tê-lo como colaborador do Blog, fornecendo seu veículo para teste. O interessante é que tenho um Fox 1.0 já disponível e, caso consiga acertar a logística, poderemos fazer um comparativo 1.0 X 1.6.

      Quanto aos preços, isso acontece em quase todas as marcas. Se você cotar um Gol com todos os opcionais vai se surprender, talvez de até para comprar um Polo.

      Abraço,

      Bruno Hoelz

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    2. Interessante...
      Podemos tentar combinar esse teste comparativo...
      Ainda não recebi o carro ainda, só acertei o contrato na 2a feira...

      Quanto ao Polo, eu entrei em um na concessionária, e sinceramente, não gostei. O achei mais apertado que o Fox (para qm senta no banco atrás do motorista)

      Abraço.

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  2. Uma pena que o Polo nacional esteja duas gerações defasado do europeu, embora eu ainda o considere um excelente carro. Porém, você fez o certo: experimentou e comprou o que mais lhe apeteceu.

    Abraço,

    Bruno Hoelz

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