domingo, 23 de março de 2014

Ford new Fiesta Titanium Powershift: um passo para trás, dois passos para a frente?

Amigos,

O título da postagem de hoje é emprestado de uma frase que já escutei algumas vezes de familiares e amigos que justificavam uma opção, mais modesta, de automóvel para viabilizar alguma outra aquisição, geralmente de um imóvel.

Um passo para trás hoje, para dar dois passo amanhã. Na matemática da vida, um passo para a frente, pois é para a frente que se anda!

Meu caso não foi exatamente esse, mas achei que a máxima se aplicou bem à situação, uma vez que um pretenso "passo para trás", significou, na verdade, um passo para a frente (ou dois, para a conta fechar), em satisfação e prazer ao dirigir.


Trocar o Civic por um Fiesta foi um passo para trás com gostinho de passo para a frente - Foto: Autor

Como já contei nas postagens REVISÃO NA HONDA e PAIXÃO A PRIMEIRA VOLTA, comprei um Honda Civic LXS automático em junho de 2012 e o vendi em setembro de 2013. O que ainda não contei foi o quanto foi decepcionante minha experiência com esse carro.

Não que o Honda Civic 2012 seja um carro ruim, pelo contrário, é um excelente e confiável automóvel. Seu "defeito" é ser só isso, um carro sem alma... Me explico: fui proprietário de um Honda Civic 2007, um carro para entusiastas  sob vários aspectos, da suspensão dura até o painel que envolve o motorista como num cockpit. O melhor carro que eu já tive!

Porém, achei que chegara a hora de trocá-lo (hoje tenho sérias dúvidas sobre essa decisão) e lá fui eu comprar um Honda Civic novo. Ocorreu que cheguei à concessionária um ano atrasado. O melhor dos Civic havia encerrado sua produção em 2011, com uma interessantíssima versão LXL SE.

Tentei comprar um usado, modelo 2011, mas os carros que vi, caros e mal conservados, me empurraram para um 0Km que, noves fora, estava com ótima taxa de juros e na soma das parcelas sairia mais em conta que um usado.

Saí feliz com meu Honda 0Km, mas a alegria durou pouco. Logo percebi que não havia comprado um herdeiro do meu antigo Civic, por sua vez neto daqueles VTi que chegaram ao Brasil logo depois de aberta a importação de veículos nos anos 1990, mas sim um sedan médio tão sem graça como qualquer Toyota Corolla.

Só para deixar claro, o Toyota Corolla é um excelente carro, tanto que o recomendo para vários amigos que me consultam sobre suas próximas aquisições. Só que coração de entusiasta bate em outra frequência.

A cor prata piorou sensivelmente a impressão de não estar em um carro feito para entusiastas, juntamente com a ausência do pedal do acelerador pivotando no assoalho, da suspensão "durinha", do acabamento esmerado e do painel envolvente, substituído por outro, parecendo uma adaptação do primeiro para caber mais instrumentos. No entusiasmante Civic 2006/2011, o painel é perfeito para a proposta do carro, no modelo pós 2012 soa um tanto ridículo.

Enfim, a oportunidade de venda relatada na postagem PAIXÃO A PRIMEIRA VOLTA caiu como uma luva e fui à caça de um Civic "correto", já com um Ford Focus Ghia 2009 (já na família) como "plano B".

 Foram 6 meses esquadrinhando a internet atrás de anúncios de um Honda Civic do jeito que eu queria: preto, automático, pós 2009, EXS ou LXL SE. Fui conhecer pessoalmente pouco mais de uma dúzia, todos em condições não muito animadoras.

Ok, pensei, vamos ao plano B. O Focus Ghia 2009 foi comprado zero pelo meu pai no final de 2009 e está impecável. Meu pai já falara em trocá-lo pelo modelo mais novo algumas vezes e bastaria achar o novo carro na configuração que ele queria: sedan, modelo titanium e, para meu desespero (e dos vendedores da Ford) vermelho! Quem disse que existe sedan "de luxo" vermelho? Alguns vendedores diziam que achavam um ou outro no sul do país, sempre vendidos. Desconfio ser apenas lenda...

Restou criar um plano C. Comprar um zero quilômetro novamente, com bastante cuidado para não transformar dinheiro em frustração. Voltei a olhar um carrinho que já me chamava a atenção desde seu lançamento, ainda importado do México: o Ford (New) Fiesta.

Na época, não comprei por não haver a opção do câmbio automático e por não ter achado na cor que eu queria, azul. Também pesava aquele receio de "descer" de categoria e perder em segurança e comportamento dinâmico.

Sabendo que o modelo Brasileiro conta com a excelente caixa automatizada de dupla embreagem e que estava sendo elogiado por jornalistas especializados, fui até a concessionária dar uma olhada. E não é que o carro de test drive era justamente um Azul California, na versão Titanium automática?

O carro é surpreendentemente bom de chão, estável e veloz. São 130cv que, em conjunto com o câmbio de 6 marchas dão uma agilidade impressionante ao carrinho, deixando seu desempenho muito próximo do Focus 2.0 com câmbio automático de 4 marchas. Na hora percebi que havia achado um substituto digno para o Civic 2007. Quase (eu disse quase...) um pocket rocket.

E não é que o carro do test drive estava à venda? Perfeito, pensei. Finalmente um pouco de sorte! Na hora de falar com o gerente, a surpresa: já havia uma oferta no carrinho. Passei uma manhã inteira os convencendo de que deveriam vender outro carro ao tal cliente da oferta e, na hora do almoço, saí com meu reluzente Ford Fiesta Titanium, Azul California, com 7 meses de uso e pouco mais de 10.000Km rodados, pelo preço de um SE 1.6 manual 0Km.

Mudei de categoria, troquei um laureado sedan médio por um compacto (mesmo que premium, um compacto...) e estou me sentindo como se tivesse subido de categoria. Foi um passo para trás com gostinho de passo para a frente. E, como bônus, a diferença de preços me fez passar de um carro financiado para um carro quitado!

Nesses dias estou experimentando a mesma sensação que tive ao comprar o Honda Civic 2007, em meados de 2010, a sensação de ter comprado um carro acima da média, de ter valido cada centavo pago. Seu acabamento é esmerado, sem dúvida melhor que o do Civic, assim como os equipamentos de série. Mas o melhor de tudo é mesmo o prazer ao dirigir que ele proporciona, também em maior medida que o Civic, anestesiado pela reestilização de 2012.

E fica melhor ainda quando o dirijo num mar de carros prata e preto, dando um pouco de cor ao nosso cinzento trânsito.

O Fiesta é um sério candidato ao posto de meu segundo melhor carro, pois o primeiro, sem dúvida, é desse aí embaixo. Um dia ainda acho um desses em bom estado!

Um grande companheiro de viagem na época em que toda semana fazia o trajeto Niterói x Nova Friburgo - Foto: Autor 

Em tempo: já estou preparando uma postagem sobre o Fiesta, aguardem!

Um forte abraço e até a próxima,

Bruno Hoelz