quarta-feira, 24 de abril de 2013

VW Gol 1.0 2011 0km (!) Impressões

Amigos,

Apesar de nosso blog (ainda) não contar com a cessão, por parte de fabricantes e importadores, de carros para testes, o acaso promoveu nossa primeira postagem sob o título "impressões".

Um parente, agora colaborador do Blog, adquiriu um VW Gol 1.0, modelo 2011, de um sujeito que comprou e não usou o carro. Pegou-o com pouco mais de 70km rodados. Achei a oportunidade mais do que adequada para estrear os testes em nosso blog, pois trata-se do carro mais vendido do Brasil e em sua versão 1.0.

Segundo dados da ANFAVEA - Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores - os veículos com motorização até 1.0 litros, beneficiados pela alíquota de IPI diferenciada, representaram 41,7% das vendas de carros novos em 2012. No início dos anos 2000, tal percentual chegava a 70%.

Apesar do declínio das versões 1.0, a motorização ainda é a mais vendida na linha Gol. Pelo menos é o que nos contam um vendedor de Concessionária e um lojista independente ouvidos por GOSTARDECARROS, que também informaram que carros básicos são cada vez menos procurados.

Assim, com o carro mais vendido, em sua motorização mais vendida, com os equipamentos mais "desejados", (pois o "nosso" Gol conta com pacote Trend, ar condicionado, direção hidráulica e vidros, travas e retrovisores elétricos) nossa estréia torna-se bastante adequada.

Claro, para um potencial comprador de um modelo 0km não será uma referência exata, mas para um eventual comprador de um modelo usado ou mesmo para o entusiasta que, assim como eu, tem curiosidade em saber como um carro é e como ele anda, as impressões aqui expostas poderão ajudar.

Pacote Trend adiciona retrovisores pintados entre outros itens estéticos - Foto: Autor
EXTERIOR:

Com o pacote Trend, o Gol ganha, externamente, aerofólio com a terceira luz de freio sobre a tampa traseira, antena no teto, faróis bi-parábola, frisos externos e retrovisores na cor do veículo, além do logotipo da versão nas portas dianteiras.

Confesso que considero esta versão mais harmonioza que a linha 2013, exageradamente batizada de "geração" VI, que conjuga faróis quadrados com a lateral em forma de arco. É a tal padronização germânica de todos os VW do mundo. Em 2011, porém, ainda não existia a interessante versão 2 portas.

Limpador, lavador e desembaçador, hoje itens de série, eram opcionais em 2011 - Foto: Autor
Mesmo calçado com aro 14, os arcos das caixas de roda me parecem exageradamente grandes e vazias. Apesar disso, este Gol é mais bonito que seu antecessor, o geração IV. Na prática, este Gol é inteiramente novo, enquanto seus antecessores foram apenas evoluções daquele dos anos 1980. As calotas são exclusivas da versão Trend.

INTERIOR:

Ao sentar no banco do motorista, a primeira impressão (ruim) é o volante, de plástico duro e péssima empunhadura. Sua coluna de direção sem regulagem de altura (opcional, aliás quase tudo na VW é opcional) dificulta encontrar a correta posição de dirigir, incômodo atenuado pelo ajuste de altura dos cintos de segurança dianteiros e do assento do motorista, embora este obrigue a um movimento nada convencional de puxar o banco para cima ao levantar a alavanca de regulagem.

Hodômetro marcando 314 km rodados, cheiro de carro novo - Foto: Autor
O painel, na versão Trend, é completo, com conta giros e termômetro de temperatura da água. Parece semelhante ao dos irmãos maiores, Fox e Polo, porém não conta com computador de bordo de série nesta versão.

 Os materias e tecidos utilizados, embora aparentem simplicidade, parecem de boa qualidade e os encaixes entre as peças são precisos. A presença de vidros elétricos também nas portas traseiras, do fechamento automático dos vidros controlados pela chave tipo canivete e dos retrovisores elétricos ainda surpreendem em carros dessa categoria (fato que novos carros como o Hyundai HB20 e o Chevrolet Onix estão mudando). Os Fiat Palio e novo Uno costumam ter vidros elétricos apenas nas portas dianteiras e retovisores elétricos somente nas cersões mais caras.

Apesar de contar com vidros elétricos nas 4 portas, o comando das portas traseiras é no painel - Foto: Autor
Somam-se ao volante ruim, os comandos dos vidros traseiros no painel e a falta de um porta-trecos entre os bancos. Tive dificuldade de acomodar todos os meus "objetos" (carteira, celular, chaves) no diminuto espaço à frente da alavanca de câmbio.

O espaço nos bancos dianteiros é razoável. No traseiro, o quinto passageiro vai mal acomodado e não conta com cinto de segurança de três pontos ou apoio de cabeça. Mesmo dois adultos sentirão falta de espaço para pernas e cabeças. O vidro das portas traseiras não desce até o final, o que nos carros sem ar condicionado pode causar alguma sensação de desconforto. Uma pena, pois até o Geração IV os vidros desciam até embaixo.

O porta-malas, de 285 litros, é acarpetado e conta com iluminação na versão Trend, mas sua entrada é alta e estreita, dificultando a arrumação de grandes volumes

Porta-malas adequado a um veículo de sua categoria - Foto: Autor
 IMPRESSÕES:

Percorri cerca de 50 km com o Gol, entre cidade e estrada, e foi interessante para recalibrar meus parâmetros. Uso no dia a dia um Gurgel Tocantins, que conduzo com toda a parcimônia que se deve ter com um antigo. Os modelos atuais com os quais tenho contato são, em sua maioria, automáticos e sou da opinião de que os atuais carros nacionais equipados com câmbio manual tem relações muito curtas.

Assim, sentei no Gol 1.0 já preparado para aquele troca troca incessante de marchas até o conta giros pedir a 5ª marcha a 60km/h. Aqui tive uma boa surpresa: suas relações são mais longas do que eu esperava. Não é exatamente um câmbio 4+E dos sonhos - e nem poderia ser com seus 9,7kgfm de torque a 3.850 RPM e seus 76cv (no álcool) a 5.250 RPM, mas é muito mais "solto" que um Chevrolet Celta, por exemplo.

O câmbio é o destaque positivo do carro. engates curtos e precisos, sem folgas. Deu vontade de voltar a ter um carro manual (não antigo) na garagem. Essa vontade, aliás, aparece toda vez que dirijo um VW que usa esta família de câmbio, como o Fox, o Polo e o Golf.

O câmbio conta com as relações de transmissão: 1ª 4,167; 2: 2,300; 3ª 1,433; 4ª 0,975; 5ª 0,776; ré: 3,182 e diferencial 4,929. Com estes números, foi possível estar a 100km/h, a 3.200RPM, em 5ª marcha. O conjunto motor/câmbio embala bem o carrinho e, apesar de o acionamento do ar condicionado praticamente não alterar o comportamento do carro, o VW suou a camisa para subir um aclive numa rodovia em 4ª marcha a 80km/h com o equipamento ligado. No mesmo local, meu Gurgel Tocantins (1.6 litros, 48cv e bem mais leve, diga-se) sobe a 70km/h em sua 4ª e última marcha.

A suspensão é firme sem ser desconfortável, embora a pouca disposição do motor 1.0 litros frente ao seu irmão maior não leve seus componentes ao limite com facilidade. Forçando em curvas mais fechadas percebe-se uma leve tendência a saídas de frente. Os freios, a disco ventilados na dianteira e a tambor na traseira não contam com ABS (opcional em pacote com os airbags frontais), mas dão conta do recado, com alguma tendência ao travamento, mas ainda assim superiores aos do Chevrolet Celta e aos do Fiat novo Uno também sem ABS.

Aqui um aparte: O Chevrolet Celta e o Fiat novo Uno a que me refiro nas comparações também são modelos 2011, porém básicos e duas portas, que dirigi recentemente, ambos alugados.

Motor 1.0 totalflex EA 111 - Foto: Autor
Os leitores mais atentos irão questionar a falta de informações a respeito do famoso problema de "batida de pino", enfrentado por este modelo, causado devido à contaminação do óleo por combustível no pequeno cárter do motor 1.0. Não notei nenhum ruído ou comportamento anormal durante a pequena volta que dei, mas o carro estava abastecido com 100% de álcool, o que atenua o problema e, além do que, contava com pouco menos de 200km rodados quando iniciei o teste.


CUSTO BENEFÍCIO:

Responder se determinado modelo de carro vale a pena ou não é tarefa das mais difíceis. Algumas pessoas prezam determinados itens que para outras não são importantes. O que podemos fazer para ajudar alguém na compra de um carro é comparar o que se pode comprar pelo mesmo valor: a concorrência.

Um Gol 1.0 igual a esse, com o mesmo nível de equipamentos 0km, já com a frente nova, custa de R$ 32.000,00 a R$ 35.000,00 (valores para o estado de São Paulo em abril/2013). Na concorrência você vai encontrar carros mais modernos, como o Chevrolet Onix, já com ABS e airbags frontais. Mesmo dentro da linha VW, a diferença de preço para um Fox, "teoricamente" de um segmento superior é pequena.

Um Gol 1.0 igual a esse, mas igual mesmo, usado, custa de R$ 25.000,00 a R$ 27.000,00 (valores para o estado de São Paulo em abril/2013). Por esse valor você pode comprar um Gol 1.6 um ou dois anos mais velho ou mesmo um carro de categoria superior. Percebem a dúvida?

Ser o mais vendido é antônimo de exclusividade. Vejam o companheiro de garagem do "nosso" Gol - Foto: Autor
 O VW Gol não é um carro ruim, mas pelo o que ele custa você pode (e deve) pensar em outros carros. Qua tal, no fim das contas, remar contra a maré e comprar não o mais vendido, mas um carro superior pelo mesmo preço?

Um forte abraço e até a próxima,

Bruno Hoelz

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Uma boa revisão, parte II CÂMBIO, EMBREAGEM, SUSPENSÃO, FREIOS, RODÍZIO DE PNEUS

Amigos,

Na última postagem (veja aqui) falamos sobre o que verificar no motor, onde a substituição de peças preventivamente, independente de seu estado, ocorre com mais frequência.

Na parte de suspensão e freios, a maioria das peças que não duram toda a vida útil do carro devem ser trocadas apenas após a verificação de seu estado. É praticamente impossível determinar quanto vai durar um componente de freio ou de suspensão pois a maneira como o carro é conduzido, somada ao tipo de pavimento que ele enfrenta pode abreviar, e muito, a vida útil desses componentes.

O reaperto é importante para que nada saia "voando" - Foto: Google imagens
 O que verificar então?

CÂMBIO:

A maioria dos carros com câmbio manual não exige a troca do fluido de transmissão. A informação constará no manual do proprietário, que deverá ser sempre consultado. Carros com câmbio automático costumam exigir a substituição preventiva do fluido. Assim, verifique a quilometragem recomendada no seu manual, atentando para as recomendações sobre uso severo, que podem abreviar a substituição do fluido tal qual o óleo do motor.

Utilize apenas o óleo na especificação recomendada. Diferentes fabricantes especificam óleos (bem) diferentes.

EMBREAGEM:

O conjunto de embreagem é um dos itens cuja vida útil depende muito das condições que o carro enfrenta. Numa revisão em que não existam problemas de funcionamento percebidos no sistema, será verificado apenas o curso do pedal. Fique atento ao sintoma de pedal duro, que pode significar que está na hora de trocar o cabo ou mesmo o chamado "kit de embreagem", que inclui disco e platô.

Duas dicas: verifique o fluido, no caso das embreagens hidráulicas, que na maioria dos carros é o mesmo fluido de freio. Em alguns Fiat e Alfa Romeos, existe um sistema hidráulico à parte. Verifique ainda o trajeto do cabo, pois podem haver rachaduras em seu conduíte, o que pode ocasionar a perda de sua lubrificação com o consequente mau funcionamento.

SUSPENSÃO:

Aqui o bom mecânico, durante a verificação dos componentes, vai efetuando o chamado "reaperto de suspensão e carroceria". A suspensão tem diversos pontos de ancoragem presos por parafusos, que vão perdendo seu torque. Deverão ser substituídas quaisquer proteções, coifas ou guarda-pós rasgados ou quebrados, pois muitos componentes trabalham lubrificados e a entrada de sujeira compromete eu funcionamento.

Molas, amortecedores e terminais devem ser testados e substituídos apenas se necessário. Os próprios fabricantes desses componentes determinam os testes adequados.

Alguns fabricantes oferecem ainda terminais à parte de determinadas peças. Por exemplo, a peça conhecida como "balança" muitas vezes é condenada apenas por que a bucha de borracha de seu terminal rasgou. Neste caso, basta instalar uma nova bucha, de boa qualidade, economizando alguns trocados sem comprometer a segurança.

Em meados dos anos 80, certo fabricante de componentes automotivos alardeou na imprensa a "lenda" de que amortecedores deveriam ser trocados a cada 40.000km. Não acredite! O amortecedor é um componente cuja vida útil depende do tipo de uso e não da quilometragem. O próprio fabricante e seu simpático mascote canino não recomendam mais essa prática.

Substitua os componentes sempre aos pares, dos dois lados, mesmo que apenas um dos lados apresente problemas.

FREIOS:

Aqui uma exceção já comentada na postagem sobre revisão do motor: o fluido de freio deve ser substituído sempre por tempo. Consulte o manual do proprietário.

Ao escolher o fluido, se utilize da mesma regra para escolher o óleo de motor: use o recomendado para o seu carro. De nada adianta usar um DOT 5 se seu sistema foi projetado para o DOT 3. Ao contrário, o DOT 5 é sintético e sua viscosidade pode até causar mau funcionamento.

Na dianteira, verifique discos e pastilhas quanto à espessura. O disco só poderá receber retífica para corrigir imperfeições na superfície. De nada adianta o disco estar próximo da espessura mínima antes da retífica se depois dela ficar muito fino. Os mangotes (ou flexíveis) devem ser verificados quanto a vazamentos e substituídos também se estiverem ressecados.

Na traseira, se seu carro possuir freios à disco, valem as mesmas recomedações acima. Atente apenas para a regulagem do freio de mão, pois nos carros com discos na traseira, a alavanca do freio de mão vai ganhando curso à medida que as pastilhas se desgastam. Assim, só regule o curso da alavanca após substituir as pastilhas traseiras.

Nos carros que possuem freios à tambor na traseira, verifique a espessura das lonas, o estado geral dos cilindros (ou "burrinhos" de freio), que não podem apresentar vazamentos ou travamentos e o estado do tambor, que deve ter sua circunferência perfeita. Mangotes também devem ser verificados.

Cuidado na hora de escolher a oficina para verificar os freios de seu importado. Alguns modelos da VW, como o Passat, necessitam de um scanner conectado ao módulo de injeção para destravar as pinças de freio.

Substitua os componentes sempre aos pares, dos dois lados, mesmo que apenas um dos lados apresente problemas.

RODÍZIO DE PNEUS:

Uma boa prática, que pode garantir que seus pneus durem mais alguns quilômetros. O rodízio não poderá ser efetuado em carros que utilizem medidas diferentes nos eixos dianteiro e traseiro.

A maioria dos fabricantes recomenda que o rodízio seja efetuado a cada 10.000km. para pneus radiais, basta trocar dianteiro esquerdo pelo traseiro esquero e vice versa. Alguns motoristas gostam de colocar o pneu sobressalente no rodízio, para que este fique sempre operacional. Tal medida é possível apenas nos modelos em que o conjunto roda/pneu do estepe é idêntico aos demais.

A cada rodízio, o balanceamento das rodas e a verificação do alinhamento (cáster, cambagem e convergência) são necessários para garantir um carro bem equilibrado e a maior durabilidade dos pneus.

Atente para veículos mais antigos que utilizem pneus diagonais, pois o rodízio deverá ser efetuado trocando o lado do carro (pneu dianteiro direito com traseiro esquerdo e vice versa). Verifique ainda se o modelo de pneu que equipa seu carro tem lados interno/externo e/ou sentido de rodagem. Nestes casos, o rodízio deverá ser feito de acordo com o fabricante do pneu e não com o manual do proprietário do veículo.

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz.

domingo, 14 de abril de 2013

Cuidado com os programas automotivos de TV dominicais! POSTAGEM EXTRA

Amigos,

Hoje pela manhã resolvi assistir a um certo programa automotivo na TV aberta. Nele, o repórter responde a dúvida de uma mulher que pergunta:

"Meu carro está há 15.000km sem trocar o óleo, meu motor pode quebrar?"

Resposta do repórter:

"Pode sim, Fulana. O óleo deve ser trocado a cada 10.000km ou um ano!"

Como assim? Será que ele sabe de cor os períodos de troca de todos os modelos e deu a resposta exata sobre o carro da entrevistada?

Amigos, cada carro, cada motor, tem seu intervalo de troca de óleo específico e a informação consta de seu manual do proprietário. Dizer que tem que trocar a cada 10.000km, de maneira genérica, é, no mínimo, irresponsável.

Minha irmã, por exemplo, possui um Fiat e o intervalo de trova que consta no manual é o de 15.000km ou um ano. O manual ainda preconiza a troca a 7.500km caso o carro enfrente algumas situações específicas. A maioria dos Ford atuais tem seu intervalo de troca por tempo especificado para 6 meses.

Motores VW Boxer refrigerados a ar, mais antigos, tem a troca preconizada a cada 2.500km podendo ser abreviada para 1.250km! Percebem a confusão?

E fiquem atentos para recomendações do tipo: "use um óleo mais fino" ou "use um óleo mais grosso que é melhor". O óleo que você deve utilizar é o óleo especificado no manual.

Vejam: uma das variáveis de projeto de um motor é a folga entre as peças móveis e é por essas folgas que o óleo flui. Motores com folgas maiores usam óleo de maior viscosidade. Motores com folgas menores usam óleos menos viscosos. Mudar a especificação de viscosidade do óleo na hora da sua troca pode causar sérios problemas de lubrificação.

E, por último, motor foi feito para receber óleo, não aditivos. O que garante longa vida ao seu motor é o óleo certo na hora certa e não aditivos para limpar ou conservar o motor. Usar aditivos não é só jogar dinheiro fora, mas também pode ser prejudicial ao motor, uma vez que podem alterar as características químicas do lubrificante.

Ainda tem dúvidas sobre aditivos? Pergunte a um taxista. Veja se eles utilizam. Seus carros geralmente rodam 300, até 400.000km sem retífica. O segredo? A simples e correta troca de óleo.

Abraços e até a próxima!

Bruno Hoelz

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma boa revisão, parte I MOTOR

Amigos,

Falei, na postagem de 6 de março, sobre a manutenção de veículos em garantia, onde compulsoriamente temos de encarar o serviço das concessionárias autorizadas.

E nos carros fora da garantia? Como efetuar a correta manutenção preventiva? E para aquele veículo cuja manutenção vem sendo negligenciada por algum tempo, o que conferir?

Aqui, como nos carros em garantia, o MANUAL DO PROPRIETÁRIO será seu principal aliado, pois especifica prazos, verificações e trocas preventivas necessárias. Porém, o livreto de bordo não é completo e, se você, entusiasta assim como eu, deseja que seu carro fique 100% seguro e confiável, seguem algumas dicas.

Revisão - Foto: Google imagens
A principal dica é achar um mecânico de confiança. Como veremos a seguir, a maioria das peças podem - e devem - ser verificadas antes da troca. Muitos mecânicos e concessionárias simplesmente trocam a peça, sem testá-la para verificar a real necessidade da troca. Seu carro fica bom, mas a um preço maior que o realmente necessário. Um bom mecânico, de confiança, substituirá, com vantagens, essas dicas.

O que verificar, o que limpar, o que reapertar e o que trocar? Neste e nas próximas postagens abordaremos o assunto, considerando que você não esteja reparando nenhum defeito imediato em seu carro, começando pelo MOTOR:

No cofre do motor, devem ser inspecionados todos os componentes a procura de vazamentos, parafusos soltos, tomadas e mangueiras mal encaixadas, et cetera.

Com um scanner plugado ao sistema, deve ser feita uma varredura do sistema de injeção, a procura de erros que indiquem algum problema. Com tal procedimento, é possível identificar sondas e sensores com mau funcionamento, problemas de ignição, admissão, entre outros.

Óleo, filtro de óleo e filtro de combustível não podem ser verificados. Troque no prazo recomendado pelo manual do proprietário. Comprou o carro agora e não sabe quando foi a última troca? Troque logo, assim esses itens ficam "zerados" e o custo nem é tão alto. Atente para a troca por tempo ou por quilometragem, pois o óleo degrada também com o tempo. Não subestime a recomendação do manual do proprietário para as trocas na metade do tempo no caso de "uso severo". Pode não parecer, mas rodar na cidade em percursos curtos é uma das piores condições para o motor em relação a lubrificação (isso será assunto para uma postagem, no futuro).

Atenção aos donos de Ford Fiesta ou Ecosport equipados com o motos 1.0 supercharger, pois ao contrário de outros carros com turbina, estes não utilizam o próprio óleo do motor para lubrificá-la e sim circuito de óleo à parte, com especificações de lubrificante e intervalo de troca específicos.

O filtro de ar até pode ser verificado, mas troque-o no prazo indicado e também respeitando os prazos de "uso severo". Sua troca poderá revelar a necessidade de limpeza no corpo de borboleta, com o uso de descarbonizante. Atenção mais uma vez aos donos de Ford, pois os motores Zetec Rocan possuem corpo de borboleta autolimpante. Sua limpeza pode danificar o revestimento de teflon.

Velas de ignição, correia dentada, correia de acessórios e tensionadores de correia devem ser trocados preventivamente. Porém, como são itens com um intervalo de troca maior, devem ter seu estado verificado e devem ser substituídos se apresentarem folga acentuada nos eletrodos, no caso das velas, ou desgaste aparente ou folga, no caso das correias e tensionadores.

Na substituição das velas é importante verificar o estado dos cabos de vela e do cabo de alta tensão, substituindo-os apenas se houver problemas de ruptura ou mal contato.

As correias, por serem de borracha, devem ser trocadas também por tempo. Neste caso, é raro a necessidade da troca dos tensionadores. Fique atento, pois muitos mecânicos "casam" a troca desses componentes e a troca dos tensionadores só será necessária se for por quilometragem ou se apresentarem alguma folga, facilmente perceptível pelo ruído de seus rolamentos.

Fique atento a realização do serviço de substituição da correia dentada, pois o motor deve ser travado com ferramentas específicas. Fuja de mecânicos que usarem artifícios como fazer marcas com tinta nas polias, sob o risco de se perder  o "ponto" de sincronia do motor.

Fluido de freio deve ser trocado somente por tempo e nunca por quilometragem. Geralmente com um ou dois anos, dependendo do fabricante. Durante as revisões, é importante verificar seu índice de umidade com equipamento próprio e abreviar sua troca, se necessário.

Em alguns carros, existe fluido de embreagem à parte (na maioria dos carros o fluido de freio também atua na embreagem hidráulica). Sua manutenção será idêntica à do fluido de freio.

Fluido da direção hidráulica deve ter seu nível verificado e deverá ser substituído se houver a formação de depósitos ou borra em seu reservatório.

O líquido de arrefecimento deve ser trocado conforme orientação do fabricante e usar sempre o aditivo recomendado. Ao contrário do que muitos pensam, o aditivo de radiador não tem como principal função elevar o ponto de ebulição da água e sim garantir que as peças metálicas do motor não oxidem. A água circula pelo bloco do motor e sem o aditivo na proporção correta a oxidação é inevitável, podendo levar até a ruptura de juntas e selos d'água e a contaminação dos cilindros.

Recomendo ainda a substituição do reservatório de expansão, quando sua coloração não permitir mais a correta conferência do nível de água. A tampa do reservatório também deve ser verificada e trocada se não vedar com eficiência o vapor.

Nos carros em que já exista oxidação é possível que a substituição do fluido de arrefecimento revele vazamentos no sistema, Isso ocorre por que a própria oxidação "tampa" alguns pequenos furos no radiador ou mangueiras. Por isso, a manutenção não é recomendável na véspera de uma viagem, por exemplo, pois será necessário conferir e corrigir eventuais vazamentos.

Preventivamente, pode-se verificar a pressão do sistema de arrefecimento, através de um manômetro. Isolando uma ou outra parte identifica-se a origem de eventuais vazamento e também o correto funcionamento e estanqueidade da bomba d'água. Cuidado com a pressão que seu mecânico aplica no teste. Pressões acima de 0,5 bar vão acabar por criar vazamentos novos.

Teste semelhante poderá verificar a pressão no sistema de alimentação e determinar o correto funcionamento e estanqueidade da bomba de combustível.

Alguns motores exigem a regulagem de válvulas, procedimento que exigirá a abertura do cabeçote e a consequente troca da junta. A linha Honda exige a regulagem, bem como o famoso VW boxer refrigerado a ar. Como sempre, o manual do proprietário dirá se este é o caso do seu carro.

Procedimentos como limpeza de bicos eletroinjetores e descarbonização do motor devem ser considerados manutenção corretiva e somente realizados caso seja comprovada sua necessidade. Para que uma oficina ofereça a limpeza dos bicos, ela deve demonstrar que sua vazão não está balanceada com os demais através de um equipamento de ultrassom que mede a vazão de cada eletroinjetor. Descarbonização do motor só é necessária quando comprovada sujeira no interior dos cilindros.

Equipamento de teste de bicos eletroinjetores - Foto: MercadoLivre
 Por fim, fuja de produtos acessórios, como aditivos para combustível e aditivos para óleo. São completamente desnecessários e podem até causar danos ao motor, pois alteram as propriedades químicas do óleo e do combustível. Prefira abastecer em postos de confiança e usar óleo de boas marcas. Bom para o seu bolso e para a saúde do seu motor.

Na próxima postagem, suspensão, freios, câmbio e iluminação.

Forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz