sábado, 23 de novembro de 2013

Como alugar um carro na Europa

Amigos,

Conforme prometido na última postagem, em que falo sobre as impressões do Peugeot 3008 Allure 1.6 HDi (leia aqui), apresentarei minha experiência pessoal no aluguel e condução de um carro em Portugal e Espanha, dando algumas dicas:

As locadoras geralmente são encontradas logo após o portão de desembarque - Foto: google imagens
RESERVANDO COM ANTECEDÊNCIA:

É importante reservar o aluguel com antecedência. Não recomendo chegar ao país que deseja visitar de carro sem reserva: pode não haver carro nenhum para alugar, ou apenas carros mais caros e o preço será consideravelmente mais alto.

Todas as grandes locadoras que atuam na Europa permitem, em seus sites, a simulação de preço para a locação, inclusive com preços dos acessórios, como GPS ou motoristas adicionais. No meu caso, o melhor custo-benefício foi na EUROPCAR, mas todas as grandes redes atuam na maioria dos países.

EUROPCAR: www.europcar.pt

 HERTZ: www.hertz.pt

ALAMO www.alamo.pt  (a "nossa" UNIDAS)

NATIONAL pt.nationalcar.com (a "nossa" LOCALIZA)

Os links estão direcionados para os sites Portugueses, que permitem a reserva em qualquer cidade Européia. Será necessário um cartão de crédito internacional e, na maioria delas,  ser maior de 21 anos.

Observe que, como no Brasil, sempre será reservado a categoria, e não o carro específico. Eu, por exemplo, reservei um Ford Focus SW "ou similar". No destino, poderia receber qualquer perua do porte do Focus.

CHEGANDO AO BALCÃO DA LOCADORA SEM PRESSA:

Dependendo do número de voos chegando, haverá um grande fluxo de pessoas se dirigindo ao balcão da locadora. Muitas vezes saem todos os carros mais baratos e os últimos da fila, se tiverem reservado esses carros, acabam ganhando um upgrade. Foi o que aconteceu comigo no aeroporto de Lisboa. Havia reservado um Ford Focus SW e era o último da fila. O casal da frente levou um Skoda Fabia SW (o "similar" ao Focus) e eu ganhei o upgrade para o Peugeot 3008.

VALE A PENA PAGAR POR EQUIPAMENTOS EXTRAS?

O pedágio cobrado manualmente é raro em Portugal e Espanha. Geralmente reservam apenas duas ou três cabines com atendentes e as outras pistas exigem um daqueles dispositivos do tipo "sem parar" ou "via fácil". Em algumas estradas, só existe a passagem com o dispositivo eletrônico (fique atento às placas indicativas dessa modalidade, sob pena de ser multado). O preço do aluguel do dispositivo acaba valendo a pena pela segurança e comodidade. Na EUROPCAR custa pouco mais de 5,00 euros/dia.

O valor dos pedágios, assim como eventuais multas, é cobrado do cartão de crédito internacional em até 90 dias.

O GPS é outro dispositivo cujo aluguel na própria locadora acaba compensando. No meu caso, o valor cobrado por 11 dias foi inferior ao valor que eu gastaria para baixar os mapas no meu GPS. O equipamento é constantemente atualizado pela locadora e garantirá uma viagem mais segura. Na EUROPCAR custa pouco mais de 20,00 euros/dia.

Apesar disso, é recomendável a manutenção de um mapa impresso, que pode ser adquirido em postos de gasolina, uma vez que observei o sinal falhando algumas vezes em estradinhas rurais

PID - PERMISSÃO INTERNACIONAL PARA DIRIGIR:

As locadoras Portuguesas não exigem a PID no momento do levantamento do veículo, apenas passaporte e a Carteira Nacional de Habilitação Brasileira. Numa eventual abordagem policial, a CNH Brasileira também é válida em Portugal. Na Espanha, embora a regra seja a mesma, existem relatos de viajantes que tiveram problemas com policiais rodoviários por estarem apenas com a CNH Brasileira. Na dúvida, eu fiz minha PID, mas não precisei mostrá-la a ninguém.

CONFERINDO COMBUSTÍVEL E ESTADO DO CARRO:

Assim como no Brasil, é importante conferir se o tanque está cheio e se as eventuais avarias estão anotados no mapa próprio (que possui um desenho dos quatro lados e teto do carro). No 3008, havia riscos no para choque que não estavam anotados e tive de solicitar ao funcionário que me entegava o carro que o fizesse.

Lembre-se de entregar o carro com o tanque cheio na volta e de que poderá ser cobrada taxa de lavagem, caso o carro esteja muito sujo. Entreguei o 3008 um pouco empoeirado e com um pequeno novo arranhado no espelho retrovisor, mas não houve problema.

DEVOLVENDO NA MESMA ESTAÇÃO DE LEVANTAMENTO:

Devolver o carro em uma estação da locadora diferente do levantamento geralmente implica num custo alto com taxas extras. Como as companhias aéreas funcionam da mesma forma, é interessante programar chegada e saída por uma mesma cidade, levantando e devolvendo o carro também na mesma cidade. Na dúvida, simule outras condições no site da locadora.

DIRIGINDO NA EUROPA:

Portugal, Espanha e a maioria dos países Europeus tem regras semelhantes às Brasileiras. Apenas o Reino Unido apresentará maiores dificuldades devido a direção no lado direito. Na próxima postagem falaremos sobre como se comportar nas cidades e estradas Européias e sobre os serviços self-service de abastecimento.

Um forte abraço e até a próxima,

Bruno Hoelz

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Dirigindo na Europa - Peugeot 3008 Allure 1.6 HDi

Amigos,

Como contei na postagem sobre o Nissan Livina (veja aqui), fiz uma pequena viagem pela Europa em setembro. Rodamos cerca de 2.400 quilômetros e tivemos, como companheiro de viagem, um Peugeot 3008 Allure 1.6 HDi, que foi uma boa surpresa sob vários aspectos.

O "meu" 3008 na praia de Nazaré, em Portugal - Foto: Autor
A primeira (boa) surpresa: o SUV da Peugeot não foi o carro que alugamos. Pensando em acomodar a bagagem de duas mocinhas, reservei, no site da EUROPCAR (uma das maiores locadoras por lá), um Ford Focus SW, modelo que para eles corresponde a station wagon, ou como eles chamam "carrinha", mais em conta.

Como não havia a perua da Ford para entrega imediata no aeroporto de Lisboa, ganhamos um upgrade para a categoria  "utilitário esportivo" e um pedido de desculpa do atendente, que explicou que muitos clientes preferem as peruas por conta da melhor estabilidade e melhor acesso para passageiros idosos.

Nas locadoras do velho continente, faltam peruas e sobram jipinhos como o "meu". Aqui os Europeus mostram um gosto bem diferente dos Brasileiros, que aos poucos vão matando suas belas peruas.

Lá, como aqui, a cor branca está na moda - Foto: Autor
No início fiquei frustrado. Perderia a oportunidade de dirigir a nova geração do Focus, ainda mais na versão perua, inexistente por aqui. Mas o Peugeot se revelaria uma experiência ainda mais exclusiva: versão topo de linha (coisa rara em carros para locação), motor diesel e câmbio manual, inexistentes no modelo à venda no Brasil.

Mas, e como se comportou o jipinho da Peugeot?

Nossa primeira preocupação, a bagagem, não foi um problema. Seu porta malas se mostro maior que o do Nissan Livina, que foi nosso transporte para o aeroporto ainda no Brasil. O para choques traseiro bascula e cria uma plataforma que ajuda muito o carregar/descarregar da bagagem. Existe ainda um fundo falso que pode nivelar o piso do porta malas com a plataforma criada pelo para choques, ou ser rebatido para aumentar a capacidade de carga. Cabem exatos 512 litros, segundo o site da Peugeot Brasil.

Carregado e pronto para a viagem - Foto: Autor
Já dentro do carro a constatação do excelente acabamento, comum aos carros franceses, que faz meu antigo Honda Civic LXS 2012 parecer um carro popular. Apenas a alavanca do câmbio me pareceu um pouco alta no grande console central o que, de fato, exigiu certa adaptação para dirigir, mas que depois se revelou confortável.

O único senão na ergonomia é o porta copos, logo atrás do câmbio, incompatível com o engate da 2ª e 6ª marchas, o que se mostrou desconfortável, já que foi muito utilizado no seco verão ibérico.

Sexta marcha "brigando com a água mineral - Foto: Autor
O interessante painel translúcido que reflete um velocímetro digital no para brisas fez eu me sentir em casa, acostumado com o grande velocímetro digital presente dos meus dois últimos Hondas. O restante dos instrumentos é de fácil leitura e todos os comandos estão à mão. Apenas as chaves do tipo "painel de avião" logo acima do rádio são um pouco confusas e exigiram consulta ao manual para saber o que cada uma fazia.

O GPS com tela rebatível no centro do painel acabou relegado a função de mostrar a estação de rádio sintonizada, uma vez que a EUROPCAR só atualiza os mapas do GPS portátil, que ficou pendurado no para brisas e ligado à tomada 12V numa feia "gambiarra".

Na estrada o funcionamento do motor diesel 1.6 litros de 115cv surpreende pela maciez e pelo torque em baixa rotação. Acostumado com a aspereza das picapes à diesel no Brasil, por vezes me esquecia que estava dirigindo um carro abastecido com este combustível.

Mesmo com motor aspirado, as retomadas são boas e não é necessário ficar trocando de marcha a toda hora. O câmbio, de 6 marchas com engates curtos e precisos, se comporta como um 5+E e a única diferença para um motor a gasolina é a faixa de giro máximo antes dos 5.000RPM.

Na maioria das vezes, boas e desertas estradas - Foto: Autor
Nas planas, retas e duplicadas estradas Ibéricas, pode-se dirigir por horas com a sexta marcha engatada e abaixo das 2.000RPMs. O computador de bordo, nessa situação, marcava consumo entre 16 e 17 km/l. Apetitoso, não?

Nas estreitas ruas das pequenas cidades medievais portuguesas e espanholas, a macia direção elétrica, o pequeno raio de giro e a excelente visibilidade auxiliavam na hora de manobrar e sair dos pequenos apuros que os viajantes, por vezes perdidos, se metiam.

Dez dias e 2.400 quilômetros depois, novamente em Lisboa, com pena de devolver nosso excelente companheiro de viagem, convenci as meninas a uma última esticada e ficamos mais um dia com o "nosso" 3008, conhecendo os arredores da capital Portuguesa.

Ficou curioso para saber sobre como fazer para alugar um carro na Europa, como dirigir por lá, os documentos necessários, custos, etc.? Não perca a postagem da próxima semana onde falarei sobre tudo isso.

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nissan Livina 1.6 2013 - Impressões

Amigos,

Em setembro fiz uma pequena viagem pela Europa e, como todo autoentusiasta que se preza, aluguei um carro no velho continente. Mas esta história ficará para a próxima postagem.

Antes, tive a oportunidade de dirigir o Nissan Livina por pouco mais de uma centena de quilômetros. Os valores cobrados no estacionamento do aeroporto eram tão altos que ficou mais em conta alugar um carro em minha cidade e devolver no aeroporto.

Reservei um carro, na categoria station wagon, já preparado para dirigir uma das VW Parati que avistei no pátio da locadora dias antes. No dia da retirada uma surpresa: a frota fora renovada e a velha perua da Volks dera lugar ao Nissan Livina.

Perua ou minivan? - Foto: Autor
O gerente da locadora disse que o Nissan Livina custa o mesmo que um Fiat Palio Weekend, com a vantagem de ter mais espaço e, digamos, mais status. O cliente fica com a impressão de que está levando mais por menos e a locadora tem o mesmo custo de aquisição.

Será que o que vale para o mercado de locação vale também para o consumidor final? Que impressões passa a perua/minivan da Nissan?

EXTERIOR:

O desenho é tão empolgante quanto o de um furgão de entregas. Peruas como a finada Renault Megane Grand Tour provam que é possível aliar beleza e funcionalidade. Nesta versão (ainda existe o Gran Livina, de carroceria alongada e 7 lugares), o Nissan parece um misto de perua e minivan.

A frente da versão mais simples parece estranha, pois mantém a grade cromada da versão mais luxuosa, mas depena os faróis de neblina. Ficaria mais harmoniosa com uma grade preta ou na cor da carroceria.

Traseira "bem comportada" - Foto: Autor
As laterais e a traseira são mais harmoniosas, no estilo "bem comportado", sem lanternas na coluna ou vincos agressivos. Esta versão, mais simples, traz rodas de ferro, com calotas, e é calçada por pneus 185/70/14. Na prática é um carro discreto, com exceção da grade frontal cromada.

INTERIOR:

O interior é simples e funcional. O painel, de fácil leitura e boa ergonomia, parece antigo frente aos painéis da Ford ou da Hyundai, mas combina com a proposta racional do Livina.

Tudo simples e funcional - Foto: Autor
Mesmo esta versão mais simples já conta com air bag duplo, freios ABS, direção hidráulica, ar condicionado e vidros, travas e retrovisores elétricos. Fez falta apenas um controle remoto para destravar as portas. Também fez falta o marcador de temperatura do motor, suprimido na maioria dos carros asiáticos.

Painel de fácil leitura, porém sem marcador de temperatura - Foto: Autor

IMPRESSÕES:

Nos cerca de 100 quilômetros percorridos, o Nissan surpreendeu pela boa estabilidade para uma minivan, embora o motor 1.6 de 108cv tenha sofrido para embalar o Livina carregado com três pessoas mais a bagagem de duas mocinhas.

Para manter um bom ritmo na estrada era necessário andar acima das 3.500 RPMs. A posição de dirigir correta, somado ao câmbio preciso e a embreagem assistida colaboraram para que a viagem não fosse tão cansativa. O motor 1.8 das versões superiores deve casar melhor com a situação de carro cheio.

Porta malas pronto para a viagem - Foto: Autor

CUSTO BENEFÍCIO:

O Nissan Livina zero quilômetro parte, com os equipamentos descritos acima, de R$ 43.190,00. A versão 1.8, oferecida somente com câmbio automático, parte de 48.190,00. Um Fiat Palio Weekend Attractive 1.4 parte de R$ 43.010,00 (todos valores de tabela).

Pelo mesmo preço de uma perua derivada de um carro pequeno, pois um Palio Weekend vai ter o mesmo espaço interno de um Palio, apenas com um porta malas maior, o Nissan Livina é mais carro, afinal, quem compra um carro destes quer, acima de tudo, espaço. O gerente da locadora tinha razão.

Pensa em comprar um Livina? Gaste um pouco mais e fique com a versão 1.8 automática, com câmbio e motor mais adequados à proposta do Nissan.

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O que é o tal "uso severo" descrito no manual do proprietário?

Amigos,

Conforme prometido na postagem de 27 de outubro (leia aqui), continuaremos a falar sobre lubrificação e, principalmente, sobre o tal "uso severo", ou "ciclo de dona de casa" descrito na maioria dos manuais do proprietário como motivo para efetuar a troca de óleo na metade do intervalo previsto.

Ao contrário do que muitos pensam, o carro que fica muito tempo parado e percorre apenas trajetos curtos apresenta maior desgaste nas peças móveis do motor do que o carro que percorre longas distâncias diariamente.

Ao contrário do que muitos pensam, o motor não está imerso em óleo - Foto: fazerfacil.com.br

Todo motor é projetado levando em conta uma temperatura ideal de funcionamento. Assim, quando um determinado tipo de lubrificante é especificado para aquele motor, mesmo sendo do tipo multiviscoso e agindo também na fase fria, sua ação de refrigeração e, principalmente, limpeza, só ocorrerá com o motor "em carga". Na maioria dos motores quatro cilindros flex, essa temperatura fica em torno dos 90ºC.

O óleo lubrificante tem três funções, sendo duas fáceis de visualizar: reduzir o atrito e trocar calor com as partes metálicas. A terceira função? Limpeza.

Detalhe pistão e biela - Foto: mecanicomaniacos.blogspot.com.br
Dentro do cilindro, onde ocorre a queima do combustível, é esguichado óleo (pelo lado oposto à queima) para reduzir o atrito entre a cabeça do pistão e a parede interna do cilindro. Para evitar a contaminação do óleo por um lado e da mistura ar combustível pelo outro existem os anéis de vedação. Para retirar o óleo da parede do cilindro antes de ocorrer a próxima explosão existe o anel raspador que, de propósito, deixa uma finíssima camada de óleo na parede do cilindro com o objetivo de limpar a carbonização resultante da queima. Obviamente o óleo que fica na parede do cilindro é queimado junto com o combustível.

Aqui, derrubamos mais um mito sobre consumo de óleo. Um carro que viaja muito sempre vai consumir alguma quantidade de óleo, sem que isso signifique problemas. Pelo contrário: o consumo de óleo neste caso é benéfico e significa que o motor está continuamente se autolimpando.

Detalhe anéis de vedação e anel raspador - Foto: www.preparados.com.br
A questão é que esta função de limpeza só ocorre a partir de uma determinada temperatura. Um motorista que utilize o carro para ir ao trabalho diariamente e percorra cinco ou seis quilômetros para ir, mais cinco ou seis quilômetros para voltar, observará um desgaste em seu motor maior do que aquele motorista que está a cinquenta quilômetros do trabalho. É claro que o motor não vai estragar com este uso, mas neste caso, trocar o óleo na metade do tempo garantirá uma maior durabilidade e um melhor funcionamento para aquele motor.

A Volkswagen do Brasil experimentou problemas de lubrificação nos cabeçotes dos primeiros Gol geração V exatamente por isso. Muitos proprietários do Gol 1.0 o utilizavam como segundo carro, dentro da cidade, apenas para percursos curtos. O óleo no cárter acabava contaminado por combustível, pois não ficava óleo nenhum nas paredes dos cilindros e escorria combustível entre o cilindro e o anel raspador. Com gasolina, ou álcool, misturados ao óleo, este perdia poder de lubrificação e logo se ouvia barulho do atrito das válvulas. A solução? Um cárter maior, para minimizar a contaminação e a orientação aos proprietários de que este uso sim é uso severo e que a troca de óleo deve ser feita na metade do tempo.

Aliás, é aos Engenheiros da VW que se credita a criação do termo "ciclo de dona de casa".

Não é gratuitamente que donos de carros antigos, ou pelo menos os mais zelosos não apenas funcionam seus motores uma vez por semana, mas também dão uma boa volta com seus carros, de trinta quilômetros ou mais, para que seus motores entrem na faixa de temperatura ideal de funcionamento.

Aqui fica mais uma dica: não é só o motor que sofre com a inatividade. Todos os componentes do carro, do ar condicionado aos freios, se deterioram com o veículo que fica muito tempo parado ou que roda pouco. Graxas e lubrificantes perdem ação, fluído de freio estraga, mangueiras ressecam e racham, sapatas de freio se esfarelam, e por aí vai. Muita gente acha que está "economizando" o carro, quando na verdade terá mais prejuízos.

Carro foi feito para rodar. Se você é um dos 17 leitores do blog ao menos gosta um pouco de carros. Então, se existe em sua garagem um carro parado, ou que rode pouco, fique atento ao nível e a troca de óleo e aproveite a desculpa para dar uma boa esticada com ele no final de semana.

Um forte abraço e até a próxima postagem,

Bruno Hoelz

domingo, 27 de outubro de 2013

Tipos de óleo: o lubrificante correto para o seu carro

Amigos,

A escolha do óleo lubrificante para o motor do seu carro é um dos assuntos automotivos mais carregado de mitos. Quando chega o momento da troca, tem sempre um frentista, um mecânico ou mesmo um amigo com dicas do tipo: "use óleo sintético que roda 15.000 quilômetros" ou "use óleo mais fino que lubrifica melhor com o motor frio".

Troca de óleo - Foto: google imagens
Você não escolhe o óleo do seu carro. Bem, pode escolher a marca, mas nunca a especificação! A escolha do tipo de óleo já foi feita lá atrás, durante o projeto do motor. Assim, por que você usaria algo diferente do que os engenheiros testaram exaustivamente para o motor do seu carro?

Pois muita gente usa. Já ouvi o vendedor de uma grande rede de serviços oferecer óleos diferentes para rodar mais ou menos quilômetros. Isso para o mesmo carro! Talvez inspirado naquele programa automotivo dominical da TV aberta...

Quando um motor é criado, um dos parâmetros de projeto é a folga entre as peças móveis, que deverá ser preenchida pelo óleo lubrificante. Motores com folgas menores exigem óleos menos viscosos (mais "finos") para preencher esses espaços, motores projetados com folgas maiores exigem um óleo mais viscoso (mais "grosso"), pois um óleo mais fino escorreria sem lubrificar adequadamente o espaço entre as peças.

A classificação do óleo se dá por uma série de letras e números. O manual do proprietário da Fiat Strada Fire, modelo 2012, por exemplo, preconiza o óleo SAE 5W30 API SL, de base sintética.

O que isso significa?

A classificação "SAE" (sigla em inglês de Sociedade dos Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos) indica a viscosidade do óleo. O primeiro número indica o grau de viscosidade do óleo em temperatura ambiente e o segundo número indica a viscosidade do óleo em temperatura de serviço do motor. Quanto maior o número, mais viscoso ("grosso") é o lubrificante.

A classificação "API" (sigla em inglês de Instituto Americano do Petróleo) indica a qualidade e o nível desenvolvimento do lubrificante. A letra "S" indica óleos para motores quatro tempos, álcool, gasolina ou ambos. A letra "L" indica a fase de desenvolvimento. Quanto mais para o final do alfabeto, mais moderno é o lubrificante.

Qual óleo lubrificante o proprietário da Fiat Strada deverá utilizar então?

O lubrificante a ser utilizado na picapinha deverá ser, obrigatoriamente sintético, obrigatoriamente um 5W30 e, no mínimo, um SL. No caso da classificação API, poderá ser utilizado um óleo superior, como um SM, SN ou SO. Porém, a classificação mínima atenderá perfeitamente as necessidades de lubrificação do motor.

Não importa a marca, importa a especificação - Foto: google imagens
E o prazo para troca? O mesmo manual do proprietário da Fiat Strada preconiza a troca a cada 15.000 quilômetros ou um ano, o que ocorrer primeiro, já que o óleo perde suas características também por envelhecimento. Também faz uma ressalva ao uso severo, indicando a troca na metade da quilometragem ou do tempo, o que ocorrer primeiro, neste caso.

Assim, não é o tipo de óleo, seja  sintético ou mineral, 5W30 ou 20W40, que ditará o momento da troca, mas sim o projeto do motor, com seu intervalo de troca indicado no manual do proprietário.

E quanto ao tal uso severo? Bem, a pior situação que o motor do seu carro pode enfrentar é não atingir a chamada temperatura de serviço. Veículos que rodam poucos quilômetros por dia nunca atingem a temperatura de serviço e tem a lubrificação comprometida, exigindo mais do óleo, que deverá ser substituído num intervalo menor. Alguns Engenheiros, numa analogia machista, chamam este uso de "ciclo de dona de casa", que será nosso assunto da postagem da próxima quarta-feira.

Um forte abraço e a té a próxima!

Bruno Hoelz

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Paixão à primeira volta.

Amigos,

Dizer que um carro é bom/ruim, ou melhor/pior, antes de tudo, é uma questão de repertório. Dificilmente alguém que passou a vida dirigindo sedãs alemães vai achar bom um popular nacional, embora os populares nacionais não possam ser considerados carros ruins.

Digo isso pois aconteceu um caso curioso comigo:

Meu sogro sempre foi fã da linha Ecosport, desde seu lançamento em 2003. Tanto que comprou um dos primeiros, para substituir uma Ford Ranger. Nem preciso dizer que o jipinho não conseguiu cumprir todas as tarefas da Ranger, mas isso pouco importou para meu sogro, que teve de substituir toda a embreagem lá pelos 35.000km e de novo tempos depois, mas manteve-se fiel. Para ele, o Ecosport era o melhor carro que se podia comprar.

Em 2011 ele quis comprar um novo carro e nos pareceu óbvio voltar à Ranger, ou alguma outra picape, considerando o tipo de uso que ele fazia do já judiado Ecosport. Porém, lá estava em exibição um Ecosport dos mais completos e ele adorou o face-lift que fora efetuado anos antes.

Saímos da Concessionária de Ecosport novamente...

Há algumas semanas porém, enquanto esperava o sinal abrir, meu sogro foi vítima de um distraído motorista que amassou a traseira do pobre Ecosport. Sem seguro, se viu obrigado a alugar um carro para continuar indo ao trabalho, enquanto seu jipinho ganhava um novo para choque e nova pintura.

Minha esposa e eu nos preparávamos para viajar na ocasião e nos pareceu adequado deixar nosso Honda Civic com ele, uma vez que não precisaríamos do carro (iríamos de avião). Assim, meu sogro economizaria com o aluguel e não deixaríamos o carro parado.

Após uma breve explanação sobre o uso do câmbio automático e outros comandos, meu sogro saiu dirigindo, com impressionante competência para quem nunca havia enfrentado aquele tipo de câmbio antes, o primeiro Honda que experimentara em sua vida.

Três semanas depois, voltando de viagem, a surpresa: meu Honda não seria devolvido. Meu sogro, já completamente apaixonado pelo pragmatismo nipônico apenas comunicou que o carro seria seu, sem negociação. Apenas pediu que eu lhe dissesse o valor que ele deveria pagar para que eu ficasse com o seu Ecosport. Nunca me passou pela cabeça vender o Civic com apenas um ano de uso,  mas não se deve ir contra paixões à primeira volta.

Agora, meu sogro apregoa a todos que o Honda Civic é o melhor carro que se pode comprar. E nada de falar ou lembrar do Ford Ecosport, sua paixão por quase uma década.

Ah, e hoje sou proprietário de um Ford Ecosport, ainda sem o para choque traseiro...

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz

domingo, 11 de agosto de 2013

Fiat Mille Economy 2013 - Impressões

Amigos,

Conforme contei na postagem de 4 de julho, sobre a revisão de 20.000km do Honda Civic 2012 (VEJA AQUI), solicitei o reparo do acabamento superior do painel, bem em cima da tampa do air bag do passageiro. O reparo ficou bom, como contarei na próxima postagem, pois ainda preciso fazer boas fotos para mostrar o antes e o depois, mas o assunto hoje é o Fiat Mille Economy 2013.

A cor prata é quase padrão entre as locadoras, pensando na facilidade de revenda - Foto: Autor
O pequeno veterano da Fiat veio ao meu encontro como carro alugado, enquanto ocorria o reparo no painel do Civic. Na verdade foi um reencontro, pois meu primeiro carro - registrado em meu nome e não apropriado da garagem de casa - foi um Mille Fire 2003, comprado zero quilômetro.

Quando se conhece um carro intimamente é como andar de bicicleta. Mesmo quase uma década depois me senti à vontade, pois posição de bancos, painel e volante - apontado para cima desde que foi adotada a coluna de direção da linha Palio, em 2001 - é a mesma.

A (única) surpresa foi encontrar um painel bonito e completo que, mesmo sem contar com contagiros, dá uma ótima impressão. Em meu antigo Mille 2003 havia um painel depenado de tudo com um icônico sujeitinho com o cinto afivelado desenhado no lugar do termômetro de água.

Painel quase completo, com econômetro e hodômetro parcial - Foto: Autor
Bem, e quais impressões passa o decano Mille?

EXTERIOR:

O inconfundível desenho, projetado por Giorgetto Giurgiaro no início dos anos 1980, permanece com leves alterações. Faróis, lanternas e posição da placa traseira mudaram com o passar dos anos. A (interessante, diga-se) versão pseudo aventureira WAY ainda possui maior altura em relação ao solo, molduras de plástico nas caixas de roda e adesivos.

A mesma carroceria há mais de 30 anos! - Foto: Autor
Quando lançado, muita gente torceu o nariz para seu desenho, considerado controverso, moderno demais. Atravessou incólume modismos quadrado/redondo/quadrado e se firmou na lista daqueles produtos industriais cujo desenho se tornou atemporal, resistindo a quatro, cinco gerações de seus concorrentes.

Objeto de desejo? Não acredito. Os atributos do Mille hoje são outros: preço e economia.

INTERIOR:

Aqui, uma viagem aos anos 1980/90. Projetado numa época pré air bag, o painel conta com uma grande prateleira funda em quase toda a sua extensão. O esmero em sua fabricação, porém, diminuiu com o passar do tempo: em alguns vãos entre as peças plásticas dá para colocar o dedo!

Plásticos mal encaixados no painel - Foto: Autor
O interior é arejado, com boa visibilidade, ajudada pela terceira janela lateral. O som - na verdade o buraco que a locadora preencheu com um MP3 player fabricado na China - parece baixo demais quando comparado com projetos mais modernos.

Não encontramos os comandos do ar condicionado, nem mesmo desembaçador traseiro ou vidros elétricos. É um carro básico. A recente investida da indústria automobilística em modelos de entrada mais equipados,  pressionada pelos Coreanos e Japoneses quase nos faz esquecer que ainda existem modelos zero quilômetro à venda sem direção assistida ou ar condicionado. Tal despojamento ficou relegado aos modelos mais antigos de cada marca: Fiat Mille, VW Gol G4 e GM Celta.

IMPRESSÕES:

A primeira impressão ao manobrar o pequeno Fiat no pátio da locadora é a direção, mais pesada que o esperado. Porém, a direção do Mille é das mais leves entre os carros básicos. Experimente manobrar um VW Gol G5 sem direção assistida (sim, eles ainda existem!).

Já na estrada o Mille ganha velocidade com galhardia, nem parece um carro "mil". O câmbio é mais longo do que se imaginaria em um carro com essa cilindrada, principalmente a quinta marcha, alongada em relação à original desde que ganhou a denominação "economy".

Os 66cv e os 9,2 kgf.m já às 2.500 RPM (quando abastecido com álcool), somados ao baixo peso de 820 kg garantem alguma diversão ao volante, só arrefecida pelas modificações implementadas na suspensão que assim como a quinta marcha mais longa deixaram o carro mais "economy", porém com  menos apetite para curvas. No quesito comportamento na estrada, meu antigo Mille 2003, apesar de menos potente, era mais estável.

CUSTO BENEFÍCIO:

Completo, o Mille bate na casa dos R$ 30.000,00, competindo com modelos mais modernos. Porém, essa não é a praia do pequeno veterano. Básico, chega a ser negociado por R$ 20.000,00, o que, na prática, o torna o carro mais barato do Brasil.

Ao contrário de outros modelos, o Mille não parece um modelo completo que foi depenado. Ele já nasceu simples (como Uno), foi projetado sem direção assistida ou outros mimos que fazem menos falta nele do que em seus concorrentes.

Por R$ 20.000,00, se precisasse de um segundo carro, não hesitaria em escolher um Mille. Se você concorda, corra! A produção - e vendas - termina ainda este ano, pois a Fiat já anunciou que não equipará o modelo com air bags frontais e freios ABS, como a legislação exige a partir de 2014.

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma Yamaha XT 225 de volta à ativa! (e um novo motociclista)

Amigos,

Até meus 30 anos nunca havia pilotado uma moto e me julgava um motorista educado com os companheiros de duas rodas. Com 31 resolvi que tinha de aprender a pilotar e ter habilitação para conduzir motocicletas, já que pelo menos meia dúzia de vezes tive de recusar pedidos para pilotar e resolver problemas, como o de um amigo que foi de moto a uma festa e resolveu beber uma cervejinha.

Prova prática - Foto: divulgação DETRAN RJ
Fiz o caminho que alguém sem amigos para ensinar por perto faria: me matriculei numa Moto Escola Fizeram falta dois amigos motociclistas, distantes o suficiente para inviabilizar aulas práticas, embora um deles e sua Harley Davidson Dyna estivessem dispostos a rodar algumas centenas de quilômetros pela missão.

Com o mínimo de aulas obrigatórias estava, segundo meu paciente instrutor, apto a realizar o exame. O que eu viria a descobrir mais tarde é o quanto a prova prática está distante da realidade que é pilotar nas ruas e estradas. Mais distante ainda que a prova prática para conduzir automóveis, que ao menos é realizada no trânsito e não numa pista fechada que mais parece uma competição de acrobacias.

Com 32 anos apareceu um "negócio de ocasião". Embora não ligue muito para negociar coisas, a dona do Gurgel cuja história contei AQUI comentou comigo que precisava de dinheiro e havia uma velha Yamaha XT 225 1999 meio que abandonada ao lado de sua casa. Levantei os débitos da motoca, fiz uma oferta e a levei para casa.

Para alguém que precisasse de transporte diário confiável não teria sido uma boa escolha. Para alguém como eu, que adora estar entre gasolina e graxa, não poderia ter sido melhor. Logo descobri que era uma moto difícil de mexer, com peças caras e raras e nenhum valor de revenda. Havia comprado um Fiat Marea Turbo de duas rodas! Não poderia ser mais divertido.

Depois do trato, ao lado da Shadow de uma amigo que (tenta) me ensinar a pilotar - Foto: Autor
Três banhos depois, o cromado das rodas e raios voltou a aparecer. O carburador precisou de uma limpeza meticulosa. Me surprendi com algumas peças novas, como bateria e filtro de ar, bem como corrente e relação, que haviam sido trocadas pela dona antes de encostá-la ao lado de sua casa. Carburador e filtros no lugar, óleo novo e vruuum, pegou de primeira um ano depois de ter sido ligada pela última vez! Tá, com uma ajudazinha: coloquei a bateria em carga lenta na véspera.

Ainda faltam algumas coisas, como achar o acabamento da torneira do combustível e trocar algumas peças plásticas maltratadas pelo tempo, mas a moto é uma delícia de pilotar. Não sou eu, que só conheço ela como moto, que digo, mas muitos motociclistas, experientes ou não, nos vários blogs que tenho lido a respeito de motos e pilotagem.

Tenho muito o que aprender, mas nos pouco mais de 500 quilômetros que rodei em duas rodas vi que a convivência entre carros e motos não é nada pacífica. Porém, já entendi duas coisas: que pilotar uma motocicleta numa estrada vazia é uma das melhores coisas que se pode fazer! E que eu não sou um motorista tão educado assim com os motociclistas...

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Revisão na Honda

Amigos,

Uma das postagens mais visitadas do Blog é a CARRO NA GARANTIA, REVISÃO NA CONCESSIONÁRIA, onde tento fazer uma espécie de guia, para que o incauto cliente sobreviva as conhecidas políticas de serviços desnecessários ou mal executados das concessionárias.

Como autoentusiasta da família, sou responsável pela manutenção de meia dúzia de carros, alguns deles ainda em garantia, o que me obriga a conviver com concessionárias de diversas marcas.

Pois bem, chegou a hora de efetuar a revisão dos 20.000km do Honda Civic 2012. O objetivo inicial da postagem desta semana era aproveitar o marco na quilometragem para falar sobre o carro, já que é o veículo que mais utilizo, depois do Gurgel Tocantins (cuja história já contei AQUI). Porém, pude acompanhar bem de perto o serviço efetuado e o cuidado e apuro técnico que observei na concessionária merecem registro.

Ambiente limpo, bem iluminado e com total acesso para o cliente - Foto: Autor
A oficina é limpa, organizada e bem iluminada. Os mecânicos usam macacões brancos! O orçamento é claro e fiel à manutenção preventiva preconizada no manual do proprietário, sem a "recomendação" de outros serviços.

Carro no elevador, pude me aproximar e conversar com um tímido, porém solícito e paciente mecânico que explicou didaticamente cada serviço que estava executando. Acreditem, ele realmente sabia o que estava falando e conhecia intimamente o carro.

Limpa contatos aplicado em diversos pontos da instalação elétrica, bornes da bateria limpos, dobradiças e fechaduras lubrificadas, tudo, absolutamente tudo conferido, da facilidade para abrir capô e porta malas até o funcionamento de luzes e equipamentos.

O ferramental é um capítulo à parte: cada presilha era retirada com um sacador, sem adaptação de ferramentas, como nas Fiats e Fords onde vou com outros carros. O melhor, porém, estava reservado para a metade final do serviço.

Torquímetro! Na hora de efetuar a remontagem de alguns componentes e fazer o chamado reaperto de carroceria e suspensão, o mecânico abriu uma tabela em seu notebook e passou a utilizar um torquímetro, aplicando o torque correto em dezenas de parafusos sob o Civic.

Para um autoentusiasta, ver seu carro sendo tratado do jeito que deve ser - e não por aquele mecânico que repete "É besteira... Não precisa..." - é algo que traz satisfação. Isso vir de um mecânico de concessionária, e não do seu mecânico de confiança, é para ganhar o dia!

Rodas, após o balanceamento e rodízio, foram montadas com o torquímetro, bem como o parafuso do dreno do cárter, que recebeu pouquíssima carga, pois o mecânico o apertou com os dedos, bastando menos de 1/4 de volta com o torquímetro para o estalo indicar o torque correto. Filtro de óleo foi rosqueado com as mãos, como deve ser. Até o protetor de cárter recebeu o torque correto!

Consultor monta placas verdes para teste de rodagem - Foto: Autor

Após o alinhamento, teste de rodagem. Porém, nada de simplesmente pegarem seu carro e saírem. Antes, é montado um par de placas verdes sobre as do veículo. Assim, a responsabilidade caso ocorra algum acidente, com seguro total, além de eventuais multas, fica toda por conta da concessionária.

Revisão efetuada, manual carimbado. Custo? Revisão dos 20.000km: R$ 333,60. Alinhamento/balanceamentos: R$ 145,00. Não é surpresa que o carro que este Civic substituiu - um outro Civic 2007 - teve suas revisões carimbadas até sua troca, com pouco mais de 100.000km.

Ao final da revisão, o consultor pediu que eu assinasse mais alguns papéis. Na entrada do carro na oficina, reclamei que havia uma peça desalinhada no painel. Uma funcionária veio durante o serviço, tirou algumas fotos e preencheu um formulário.

Peças desalinhadas no painel - Foto: Autor
O consultor informou que a peça desalinhada é a tampa do air bag do passageiro e que, talvez, o problema só seja resolvido com sua substituição completa. Numa prova de respeito ao consumidor, a Honda cogita substituir uma peça de alto custo, em garantia, para alinhar o acabamento do painel! Estou aguardando contato da concessionária e contarei o final desta história tão logo se resolva.

Sim, eu sei, vivemos uma inversão de valores. O tratamento recebido na Honda é que deveria ser regra, mas não é o que vivemos nas concessionárias. É pena que a história de um consumidor que recebe o tratamento correto é a que mereça registro.

No próximo mês outro carro da "frota", uma Fiat 500, fará 30.000km. Sua dona (ainda) faz questão de mantê-lo na garantia. Já estou me preparando para a batalha: depois desta experiência na Honda e considerando as experiências anteriores na Fiat, será como ir do céu ao inferno.

Acreditem: dependendo do serviço efetuado, após carimbar a revisão no manual, o Fiat precisa ir ao mecânico de confiança para conferência e ajustes. Será que vale a pena manter a garantia assim?

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz

Ilegalidade na RJ 116 - ATUALIZAÇÃO

Amigos,

Não creio que tenha sido a postagem anterior deste Blog, mas sim o bom senso comum, pois os tachões relatados em 14 de junho viraram quebra molas que, aparentemente, estão dentro do padrão previsto na resolução do CONTRAN.

Fico devendo as fotos, mas achei importante relatar a correção, já que fui um dos que reclamou.

Um forte abraço,

Bruno Hoelz

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ilegalidade na RJ 116 - postagem EXTRA

Amigos,

Dias atrás tomei um susto quando vi a Autarquia de Trânsito de Nova Friburgo-RJ instalando os famigerados "tachões" em plena RJ 116, próximo ao Distrito de Conselheiro Paulino.

Ônibus (e passageiros) "sofrendo" ao transpor o obstáculo ilegal - Foto: Autor

Famigerados pois todo autoentusiasta conhece os efeitos deste tipo de obstáculo em seu carro, além, é claro, do risco de acidentes. Passar sobre um desses pilotando uma motocicleta em dia de chuva é tenso...

Por quê os tachões são ilegais? Vejam: a Lei 9.503, de 23 setembro de 1997, que instituiu o Código Brasileiro de Trânsito (veja aqui), estabelece, em seu Art. 12, que compete ao CONTRAN estabelecer as normas regulamentares referidas neste código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito.

Ainda no Código Brasileiro de Trânsito, o Art. 94 estabelece que qualquer obstáculo à livre circulação e à segurança de veículos e pedestres, tanto na via quanto na calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e imediatamente sinalizado. O parágrafo único do referido artigo ainda completa: é proibida a utilização das ondulações transversais e de sonorizadores como redutores de velocidade, salvo em casos especiais definidos pelo órgão ou entidade competente, nos padrões e critérios estabelecidos pelo CONTRAN.

Pois bem, vamos a estes critérios: o CONTRAN, em sua Resolução 39, de 21 de maio de 1998 (veja aqui), estabeleceu três tipos de obstáculos redutores de velocidade e suas aplicações. Esta resolução, na minha opinião, por si só já vedava a utilização de tachões, uma vez que não o enumerava como um dos obstáculos permitidos.

Porém, ainda o CONTRAN, em sua Resolução 336, de  24 de novembro de 2009 (veja aqui), estabeleceu o seguinte (vale a pena transcrever na íntegra):

Considerando que a aplicação de tachas e tachões transversalmente à via como dispositivos redutores de velocidade, ondulações transversais ou sonorizadores causa defeitos no pavimento e danos aos veículos;
RESOLVE:
Art. 1º Os arts. 2º e 6º da Resolução nº. 39, de 21 de maio de 1998, do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN passam a vigorar com as seguintes redações:
“Art. 2º…...................................................................................
Parágrafo único. É proibida a utilização de tachas e tachões, aplicados transversalmente à via pública, como redutor de velocidade ou ondulação transversal.”
“Art.6º….......................................................................................
Parágrafo único. É proibida a utilização de tachas e tachões, aplicados transversalmente à via pública, como sonorizadores.”

Tachões aplicados em apenas uma pista: motoristas "fogem" para a contramão podendo causar acidentes - Foto: Autor

Vejam ainda o que o Código de Trânsito Brasileiro prevê no §4º do Art. 95:

§ 4º Ao servidor público responsável pela inobservância de qualquer das normas previstas neste e nos arts. 93 e 94, a autoridade de trânsito aplicará multa diária na base de cinqüenta por cento do dia de vencimento ou remuneração devida enquanto permanecer a irregularidade.

E então, quem cobrará a multa?

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz






quarta-feira, 29 de maio de 2013

O carro da Noiva

Amigos,

No início deste mês fui, mais uma vez, o motorista da Noiva. Digo "mais uma vez" porque volta e meia sou requisitado para tal serviço. Apesar de nunca ter contado com um Mercedes na garagem, sempre possuímos sedans quatro portas aqui em casa, mesmo na época em que os duas portas imperavam no mercado. Assim, sempre foi natural receber um pedido de vez em quando, principalmente daqueles casais que não se ligam muito no mundo automotivo e descobriam, há poucos dias da cerimônia, que precisavam de um automóvel, digamos respeitável, para levar a Noiva até a Igreja.

Há alguns meses, uma prima muito querida fez o pedido. Achei natural, já que o atual Honda Civic prata cumpriria o papel com dignidade, pois ao menos aqui no Brasil goza do status necessário à empreitada. Porém ela surpreendeu dizendo: "tá, até podemos usar o Honda na Igreja, mas eu quero mesmo é chegar na festa no seu jipe!". O jipe, no caso, um Gurgel Tocantins com capota de lona, que alguns leitores devem conhecer de postagens anteriores.

O animado casal Luma e Lucas chegando à festa - Foto: Studio Photo e Designer
Obviamente não poderia confiar a direção do meu clássico a ninguém. Assim, lá fui eu, mais uma vez, motorista de casamento. A chegada ao local da festa foi sensacional. O desfile em carro aberto e o buzinaço, mesmo com os 8º C da gelada noite de Nova Friburgo, surpreederam os convidados.

Os noivos tiveram de tirar os sapatos para sentarem assim, claro... - Foto: Studio Photo e Designer
O valente Gurgel virou uma atração à parte e os organizadores do casamento pediram que eu o deixasse ali, como parte da decoração. Um misto de orgulho e preocupação me levaram a passar a festa inteira indo à entrada do salão de meia em meia hora. Um pouco para conferir o sucesso que o carrinho fazia, um pouco para tomar conta dele.

O Gurgel virou pano de fundo para fotos - Foto: Studio Photo e Designer
Mais tarde, uma nova escalação para o Tocantins: trabalhar como figurante nas fotos externas. Os fotógrafos adoraram o jipe como cenário e o requisitaram para depois da festa. Lá fui eu, o motorista da Noiva fazendo hora extra.

Daria uma boa peça publicitária, não? - Foto: Studio Photo e Designer
Não sei se é coisa de pai dono coruja, mas me diverti muito naquela noite. Além disso conheci os fotógrafos "super gente boa" do Studio Photo e Designer, um deles um auto entusiasta fã do canal do D2M!

Felicidades ao casal Luma e Lucas!

Um forte abraço e até a próxima,

Bruno Hoelz


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Chevrolet Onix LT 1.4 2012 - Impressões

Amigos,

O Blog GOSTAR DE CARROS teve a oportunidade de avaliar mais um carro em nossa seção IMPRESSÕES. Desta vez, um Chevrolet Onix LT 1.4 2012, com pouco menos de 12.000 km rodados. Agradecimentos especiais à proprietária Lara, leitora do Blog.

Faróis com máscara azul em qualquer cor de carroceria (no LTZ ele ganha máscara negra) - Foto: Autor
Será interessante compará-lo ao VW Gol, protagonista do primeiro teste, pois suas versões competem em preço. Em sua versão mais simples, a LS 1.0, o Onix traz air bag duplo, ABS, ar quente e direção hidráulica por R$ 30.990,00. Equipar um Gol 1.0 4 portas com os mesmos equipamentos (sim, ele vem mais "pelado") o deixa em R$ 32.290,00. No topo da lista de equipamentos, um Onix LTZ 1.4 custa R$ 43.690,00, enquanto o Gol 1.6 mais completo empata em equipamentos e preço, custando R$ 43.980,00. 

Todos preços sugeridos pelo fabricante, podendo haver variação de acordo com a política de preços das concessionárias. Lembrando ainda que o Onix ainda não possui versão com câmbio automático. O Gol oferece caixa automatizada nos 1.6, a partir de R$ 35.900,00, sem direção hidráulica ou ar condicionado.

EXTERIOR:

O modelo fotografado é a versão LT, top de linha na motorização 1.0 e intermediária na motorização1.4. Suas rodas, aro 15 polegadas, com calotas, preenchem melhor o vão das caixas de roda do que as 14 polegadas do Gol. Os faróis com máscara azul caem bem na cor preta.

Pequeno aerofólio traseiro confere esportividade - Foto: Autor
Sua linha de cintura alta  e capô pequeno e inclinado poderiam lembrar uma minivan, mas o efeito é inverso: um "hatchback" com desenho muito bonito, quase esportivo.

INTERIOR:

Ao contrário do Gol, a primeira impressão é boa. O volante, emprestado do irmão maior Cruze, mas sem os comandos de rádio, tem excelente empunhadura. Mesmo sem regulagem de profundidade é fácil encontrar a posição de dirigir, considerando o ajuste de altura do banco do motorista. Aqui, a falta do ajuste de profundidade fez bem menos falta do que no Fiat 500, que será objeto de uma postagem em breve, em que a posição de dirigir lembra um pouco a dos Alfa Romeo onde precisamos ter braços longos e pernas curtas para ter o pleno controle dos comandos.

Painel parece saído de uma motocicleta - Foto: Autor
O painel foi a segunda agradável surpresa. Mistura informações digitais e analógicas sem ser confuso. Pareceu mais elegante que o painel das duas últimas gerações do Civic, embora seu velocímetro seja mais preguiçoso que o da Honda, "pulando" entre as informações, enquanto seu par nipônico marca com precisão o aumento de velocidade.

A versão LT avaliada, não contava com retrovisores elétricos, nem vidros elétricos nas portas traseiras. Embora essas comodidades estejam presentes na maioria dos carros atuais, ainda é desculpável nessa categoria. Porém, o acabamento, que numa primeira avaliação se mostrou adequado, não resistiu a um olhar mais atento.

Solução caseira até alguma Concessionária resolver arrumar - Foto: Autor
Apesar da boa impressão que a parte superior do painel em plástico emborrachado causa (o novo Civic, por exemplo, perdeu esse detalhe) vários detalhes de acabamento deixam a desejar. Além do problema no difusor de ar, rangidos no banco do passageiro e rebarbas mal aparadas nos puxadores de porta provocam saudades dos Chevrolet do final dos anos 1990. Além do acabamento ruim, os puxadores ainda incomodam por sua posição muito baixa, fazendo motoristas e passageiros preferirem puxar as portas pelo vão dos vidros abertos.

Puxador baixo e mal acabado - Foto: Autor

IMPRESSÕES:

Andei pouco com este carro, bem menos do que com o Gol. Porém, foi suficiente para perceber que, apesar de algumas falhas de acabamento, trata-se de um carro pequeno muito bem acertado. Sua posição de dirigir lembra um pouco a de um carro mais alto, como uma minivan, com excelentes bancos que realmente dão suporte lateral.

Excelente ergonomia dos bancos, com ótimo suporte lateral - Foto: Autor
Empunhadura e engates do câmbio, diâmetro do volante, tudo faz o motorista ter vontade de contar com mais do que os 98 cv (quando abastecido com gasolina) que o motor 1.4 oferece. Com um motor mais potente, seria um interessante Pocket Rocket. Apenas a pedaleira refreia o entusiasmo do motorista/piloto ao possuir o pedal do acelerador curto demais, não permitindo um punta tacco muito eficiente.

Na estrada parece ter menos inclinação à sair de frente que o Gol, demonstrando boa estabilidade. A suspensão traseira semi independente com eixo de torção certamente contribui para o bom comportamento.

Detalhe da suspensão traseira semi independente - Foto: Autor
O câmbio é bastante elástico, estando à pouco menos de 3.000 RPM em quinta marcha à 100 km/h. Não é extamente um 4+E, mas está acima da média das curtas relações de marchas que assolam os carros nacionais. Ao contrários de Celtas e Palios, pede sim segunda marcha para dobrar esquinas e passar por quebra molas, o que considero o normal para um 1.4 deste porte.

No dia a dia, um bom automóvel pequeno, com boa visibilidade, comandos acessíveis e gostoso de dirigir. Provavelmente perderá um pouco da graça em sua versão 1.0, mas hoje em dia a diferença de preços entre os dois é pequena. Vale a pena abrir mão de alguns equipamentos e levar a versão mais potente para casa. Quem sabe a Chevrolet não cede um Onix 1.0 para o Blog  GOSTAR DE CARROS testar e tirar essa impressão?

CUSTO BENEFÍCIO:

Os leitores mais atentos lembrarão que eu citei o Onix como alternativa ao Gol na postagem de 24 de abril. Hoje, após experimentá-lo, confirmo minha teoria. Dentre os carros pequenos, o Chevrolet Onix é uma excelente opção, mais confortável e gostoso de dirigir que o Gol, conta quase com o mesmo tamanho da rede concessionária e com a tradição da Chevrolet no Brasil.

Creio que a Chevrolet acabará por tirar de linha o Agile, que perde o sentido quando confrontado em preço e qualidades com o Onix. Não vou falar em estética, conceito altamente subjetivo, mas tenho lá minhas opiniões à respeito do Agile, do Etios...

Se tivesse de comprar um carro pequeno, zero km, certamente consideraria o Onix como opção, mesmo com suas pequenas falhas de acabamento Apostaria tratar-se de defeitos pontuais na unidade testada.

Making off: banho para a sessão de fotos - Foto: Autor

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz