quinta-feira, 21 de março de 2013

"Personal Car"

Amigos,

Começo pedindo descupas pelas 24 horas de atraso na postagem desta semana. O culpado foi um Gurgel X 12 Lona 1986 com uma história interessante.

Há algumas semanas atrás, minha esposa estava na fila do posto de vistoria do DETRAN aqui de Nova Friburgo quando avistou o X 12 branco. Logo puxou conversa com a motorista e contou que possuíamos um Tocantins 1991 também conversível e que participávamos de alguns encontros do Gurgel Clube Petrópolis.

A motorista pediu nossos contatos, uma vez que estava com dificuldades em fazer a manutenção do Gurgel, pois estava com o carro há pouco tempo e não conhecia oficinas na cidade (seu meio de transporte anterior era uma moto).

Recebi alguns telefonemas e indiquei algumas oficinas, recomendei algumas práticas, como a correta calibragem dos pneus, a lubrificação do eixo dianteiro, entre outras. Mas sentia que não estava ajudando muito, pois na penúltima ligação ela falou que um mecânico (não foi um de meus indicados) havia "condenado" o motor a uma retífica completa.

Um dia ela me ligou e fez o pedido. Queria que eu ficasse responsável pela manutenção do carro. Aceitei, achei aqui bastante divertido. Na mesma manhã que ela, que só me conheceu pessoalmente naquele momento, entregou chaves e documentos, rumei para Bom Jardim, onde meu mecânico de confiança já o aguardava.

Surpresa na hora de levá-lo à oficina: hodômetro "zerando" - Foto: autor
Na oficina, a surpresa: a falta de potência que a proprietária reclamara nada mais era que o filtro de ar completamente sujo de óleo. Somado a isso, um giclê de marcha lenta superdimensionado deixava a mistura rica. Nova mangueira do respiro do óleo, novo filtro de ar, giclê correto e pronto! Funcionamento perfeito!

O que mais assustou no papo do "mecânico" que queria retificar o motor foi o cabeçote, com sinais de ter sido retificado há pouco tempo.

Resolvido o problema, pude fazer uma revisão completa e o carrinho ganhou mangueiras; filtro de combustível; troca de óleo; limpeza da "peneirinha" e do pistão da bomba de óleo; cilindro e lonas para os freios traseiros; pastilhas e mangotes para os freios dianteiros; pivôs da suspensão e do terminal de direção; pneus lameiros no eixo traseiro, alinhamento e balanceamento das rodas.

Ajustando a convergência após a troca dos pivôs - Foto: autor
Ontem entreguei o carro a dona e fiz mais uma descoberta: na verdade ela não é a dona, mas sim seu querido Sthevan. Aliás, é seu primeiro carro e ele escolheu o Gurgel! Uma escolha com muita personalidade. Eu, sem saber, cometi uma maldade: recém habilitado, ele mal havia pilotado seu X 12 e eu o levei embora, entregando semanas depois.

Um amigo me alertou: "Você está trabalhando como Personal Car!". Personal Car? Fui pesquisar. De fato existem empresas que prestam este serviço à clientes que não tem tempo, ou conhecimento técnico, ou paciência para levar o carro à oficinas, estudar orçamentos, et cetera. Vejam, por exemplo, o sítio de uma empresa de Belo Horizonte aqui.

Transformar diversão em trabalho? Ainda por cima remunerado? Confesso que fiquei tentado. Uma pena que minhas obrigações atuais não me permitam disponibilizar o tempo necessário para me dedicar a isso. Vou me contentar a continuar prestando o serviço informalmente a amigos e parentes. E a cuidar da minha pequena frota do trabalho.

Aliás, aqui no trabalho temos uma Ford Ranger, em garantia, dando uma tremenda dor de cabeça na parte elétrica. Assunto para uma próxima postagem.

Um forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz

2 comentários:

  1. Prezado Bruno,
    Mais uma vez, insiro comentário totalmente dissonante do tema abordado na postagem.
    A questão é a seguinte:
    Acessando determinando site de compras coletivas, deparei-me com anúncio de empresa que oferece treinamento para habilitados que possuem medo de dirigir ou alguma inabilidade não resolvida na época de auto-escola.
    Vendo isso, me ocorreram duas questões, que talvez mereçam algumas considerações da sua parte:
    Primeiramente, a baixa qualidade do treinamento oferecido nas auto-escolas, que se importam apenas com a aprovação do candidato na prova do Detran (no meu caso, por exemplo, não se preocuparam em me ensinar a estacionar o carro entre dois veículos reais, contentando-se apenas com as famosas balizas). Existe algum “controle de qualidade” da parte das autoridades de trânsito em relação aos centros de formação de condutores?
    A segunda questão reside exatamente nessa dificuldade ou resistência que as pessoas possuem em relação ao ato de dirigir. Há alguma correlação disso com a questão anterior? Ou se trata de uma peculiaridade de alguns condutores, que demanda tratamento mais específico?
    Att.,
    Carlos




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    1. Prezado Carlos,

      As Autoescolas, hoje denominadas CFCs (Centros de Formação de Condutores), como você bem disse, são sim fiscalizadas pelos Departamentos de Trânsito Estaduais, que seguem as resoluções do CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito - (órgão consultivo e normativo vinculado ao Ministério das Cidades), como diretrizes gerais.

      A fiscalização se assemelha a que é realizada em escolas, com a análise das ementas, exigência de conteúdo programático mínimo e com a obrigatoriedade da presença de um diretor de ensino com formação específica.

      Recentemente o DETRAN/RJ implementou ainda controle eletrônico de presença dos alunos, para garantir que os candidatos participem efetivamente do mínimo obrigatório de aulas.

      Penso que são dois os problemas.

      Primeiro é o que a lei exige como conteúdo mínimo nas aulas teóricas e práticas: pouco, muito pouco. Hoje até existe a exigência de aulas noturnas, mas nenhum dispositivo legal exige que as aulas práticas ocorram em rodovias, por exemplo. Nas aulas e na prova, o candidato não passa dos 40km/h!

      Se o recém habilitado não puder contar com algum motorista mais experiente a levá-lo a dirigir em velocidades maiores, como aprenderá?

      O segundo problema reside em como os CFCs encaram o ensino. O aprendizado se assemelha mais a um pré vestibular, onde o aluno aprende a passar na prova e não a matéria cobrada.

      Some tudo isso a inexistência de educação para o trânsito como matéria obrigatória nos ensino médio e fundamental e você terá a receita do caos. Condutores inexperientes e pedestres colocando suas vidas em risco.

      Por que existem motoristas inaptos? Porque a ineficácia do treinamento e da aprovação são supridos por pais, tios e amigos mais experientes. Se um recém habilitado não puder contar com isso...

      Terreno fértil para os empreendedores que criaram essas escolas para habilitados, não acha?

      Um grande abraço,

      Bruno Hoelz

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