quarta-feira, 27 de março de 2013

Comprando um carro

Amigos,

Uma das perguntas que mais recebo é sobre qual carro comprar. O mercado atual oferece uma gama tão grande de modelos (e de crédito) que torna a definição de um modelo ideal praticamente implossível.

Carros à venda - Foto: Google imagens
Com exceção de um empresário compondo a frota de seu negócio, ninguém compra um automóvel de maneira 100% racional. Mesmo o frotista pode desejar agregar alguma imagem à sua empresa e optar por um modelo mais moderno e, consequentemente, mais caro.

Muito se discute sobre o tal "custo Brasil" e sobre a margem de lucro dos fabricantes, comparando nossos preços com o mercado norte americano e europeu. Penso que automóvel não é artigo de primeira necessidade e que gozamos de livre mercado. Nossos carros terão este preço enquanto existirem compradores, oferta e procura, simples assim. E quanto aos impostos, creio que seja mais adequado brigarmos primeiro pelo preço do feijão, para depois nos preocuparmos com os automóveis.

Mesmo assim, vejam que, em janeiro deste ano, a Volkswagem vendeu pouco mais de 22.000 modelos Gol e a Fiat pouco mais de 18.000 modelos Uno, segundo dados da Fenabrave (sítio aqui).

VW Gol 2013 - Foto: CarBlog
Ok, como escolher um automóvel então?

A primeira dica é: definir quanto dinheiro você tem. Pode parecer óbvio, mas com a abundante oferta de crédito, podemos acabar por não considerar alguns gastos mensais de oficina, combustível e seguro que, somados a parcela de um financiamento, podem tornar a manutenção do veículo impossível.

Com a internet, é possível simular todos os gastos antes de se adquirir um veículo. Calcule seguro, IPVA, combustível (é possível obter as médias de consumo de quase todos os medelos) e manutenção preventiva. Para esta última, é interessante consultar o manual do carro que se pretende comprar e verificar o que fazer e com que periodicidade, para depois verificar o preço dos serviços de acordo com a quilometragem que se pretende rodar. No caso dos carros novos, alguns fabricantes já disponibilizam preços fechados de revisões em seus sítios.

A segunda dica é: aceite que o carro é uma compra emocional, mas não exagere. Você não precisa comprar um VW Gol, na cor prata, só por que é o carro mais vendido na cor mais aceita pelo mercado de usados. Um automóvel é um bem caro e você precisa sentir prazer com sua compra e seu uso.

Mas pense bem na hora de fechar negócio no Fiat Marea Turbo que está à venda por R$ 10.000,00 na sua rua, pois o preço baixo não é à toa. Alguns bons carros tem seu custo de manutenção tão elevado que podem não valer a pena para a maioria dos consumidores. No caso do Marea, um excelente automóvel, diga-se, uma revisão completa, dependendo das peças a serem trocadas, pode custar os mesmos R$ 10.000,00!

Para os caros de manter, muitas vezes só resta o abandono - Foto Carros Inúteis
Não acredite em papo de vendedor que diz que o modelo X ou Y é ruim de revenda e deprecia muito. Com a internet, qualquer carro encontra comprador, desde um Subaru dos anos 90 até um Ford Taurus com câmbio automático com defeito. Compre o carro que você sonha, só tome cuidado para que os custos de manutenção não transformem seu sonho em pesadelo. E foi-se o tempo (junto com a inflação) de que carro era investimento. Carro é um bem de consumo que deprecia, perdendo seu valor. Não há nada que você possa fazer, a não ser pesar na escolha uma maior ou menor depreciação, dependendo do modelo. Então, melhor que a depreciação esteja acompanhada de prazer ao dirigir, não acha?

A terceira dica é: analise bem as opções. Numa mesma faixa de preço existem opções mais ou menos interessantes. Nunca confie em generalizações do tipo "só serve Honda" ou " a Fiat não presta". Acredite, não existe carro verdadeiramente ruim à venda no Brasil. Existem são carros melhores ou piores pelo mesmo preço. E aí está a verdadeira grande sacada na hora de comprar um carro, perceber isso e fazer a melhor escolha.

Como impressão pessoal, observo que os carros exclusivos para o mercado brasileiro, ou mesmo para o mercado emergente, costumam ser, um tanto, "inferiores" que os voltados para os grandes mercados europeu e norte americano. Muitas vezes esses dois "tipos" estão na mesma faixa de preço.

Como exemplo, no segmento de carros pequenos: VW Gol, Fiat Palio, GM Celta e Ford Ka (o novo) são projetos brasileiros, exportados para outros países ditos emergentes. Já Ford Fiesta e Citroen C3 são carros com preços semelhantes, mas (quase) idênticos aos seus pares europeus. Mesmo os modelos defasados uma ou duas gerações dos seus pares europeus, como Peugeot 207 (206,5...), Renaul Clio e, num segmento um tanto acima, VW Polo, são interessantes opções de carros bem acabados, seguros e com um bom comportamento dinâmico.

Uma olhada nos testes da Latin NCap determinam bem essa diferença primeiro/terceiro mundo. Veja o teste de impacto do GM Celta (aqui) e o mesmo teste no Ford Fiesta (aqui).

A quarta dica é: além do custo de manutenção, analise também a qualidade do pós venda da marca, no caso da opção ser a compra de um carro novo. Ninguém quer ficar sem garantia e um atendimento ruim na hora de efetuar a manutenção preventiva pode frustrar a experiência do carro novo. Pesquisar em sítios de reclamação de consumidores é uma excelente ferramenta para determinar se uma marca atende bem ou não.

A quinta dica é: nunca compre um carro, novo ou usado, sem antes dar uma boa volta. O conhecido test drive é indispensável e deve sobrepor qualquer opinião externa. Afinal, o carro será seu e será você quem irá dirigí-lo. Logo é você quem deve gostar da posição de dirigir, do câmbio, da visibilidade, dos bancos, dos comandos, et cetera.

Sejam felizes com o novo carro!

Um grade abraço e até a póxima,

Bruno Hoelz

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é bem vindo!